Coirana
Arbusto solanáceo, medicinal. (Aurélio)
Divulga a cultura e a linguagem da cidade, além de produção textual como contos, crônicas, poesias. Comento os fatos, conto histórias. Vez por outra posto notícias.
Entende-se o vernáculo como a língua de um país.
A nossa é surrada diariamente tanto pelos que nunca foram à escola quanto pelos que foram e esta não foi a eles.
Cito três palavras dicionarizadas cuja consulta evitará o erro.
As duas primeiras fazem parte do nosso léxico, enquanto a terceira, não.
Estada - Ato de estar. Permanência. É sinônimo de estadia, mas com uma ligeira diferença.
Estadia - Permanência de um navio num porto, seja carga ou descarga.
Gratuito - Deve ser escrito e pronunciado assim e não assim: gratuíto.
Uma dica: se não sabe dizer gratuito, então diga que é grátis ou que não paga nada.
FRASE
Temos mais dificuldade em lidar com a abundância do que com a escassez. (Citado por Nassim Nicholas Taleb em "Anti-frágil")
LINGUAGEM
Raspadura ou rapadura?
Segundo Câmara Cascudo, "tijolos de açúcar mascavado. Gulodice tradicional no norte do Brasil. Há rapadura de açúcar branco, rapaduras de laranja, confeitadas com cravos, amendoins, castanhas, etc. Objeto de comércio intenso no Nordeste. Eram famosas as rapaduras do Cariri. Pelos séculos XVIII e XIX era a forma usual do açúcar, especialmente em viagem, e assim registrou Henry Koster em 1810. Semelhantemente ocorre na América espanhola. Narciso Garay (Tradiciones y Cantares de Panamá, "L'Expansion Belge", 1909, 1930) informa: "Rapadura es el "azúcar panela" de que hablan las Ordenanzas de granada de 1672. La voz panela entre nosotros es extranjera. Para servir este azúcar, que no es granulado ni en terrones, hay que rasparlo con cuchillo, y de allí tal vez provino el nombre de rasapadura que le damos". Morais (1831) escreve Rapadura. (Dicionário do Folclore Brasileiro).
Rapadura do B - A rapadura do B, em tempo de minha meninice, era referência de bondade em matéria de rapadura. Era tão boa que se havia alguma ruim, era pouco vendida a ponto de ficar esquecida.
Abada: uma palavra em desuso
Segundo Silveira Bueno, é uma "porção de coisas contida numa aba. A série de abas de um edifício. Rinoceronte macho ou fêmea (neste significado tem a variante bada)".
Cândido Jucá Filho, em seu "Dicionário das Dificuldades da Língua Portuguesa" define como "uma grande porção: Uma abada de cajus. O alpendre, o beiral, varanda, o copiar."
Também pode ser "bada", "o rinoceronte".
Bada e tantas outras constituem palavras desconhecidas dos falantes atuais. São vocábulos que soam como palavras estrangeiras.
Cognação
Do latim, cognatione. No direito romano, parentesco consaguíneo pelo lado das mulheres. Descendência comum do mesmo tronco, masculino ou feminino; parentesco. Relação ou analogia entre vocábulos cognatos. É visível a cognação entre as palavras Ângelo e anjo. Dicionário Aurélio - grande)
Parentesco pelo sangue de todos os membros de uma família natural ou civil que tenha um antepassado comum. Analogia entre vocábulos cognatos. (Novíssimo Aulete)
Laço de parentesco natural entre os membros de uma família. É o parentesco por consanguinidade, sem distinção de graus. Opõe-se a agnação - parentesco civil. (Enciclopédia Brasileira Globo, volume 4)
Parentesco entre consanguíneos, pelo lado paterno e/ou materno. (Aurélio)
Parentesco. (Silveira Bueno)
AUSENTES
As chuvas seguem ausentes.
NUVENS
Apenas nuvens belas enfeitam o céu.
UPANEMÊS - Não valer um juá significa não valer quase nada.
- Você não vale um juá - diz-se por aqui quando se quer diminuir alguém.
Quanto vale um juá?
Depende. Se alguém estiver com fome e não tiver outra coisa pra pôr na boca, um juá vale muito.
HUMOR
Dois amigos se encontram depois de muitos anos.
- Casei, separei e já fizemos a partilha dos bens.
- E as crianças?
- O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
- Então ficaram com a mãe?
- Não, ficaram com nosso advogado. (Da Folhinha "Sagrado Coração de Jesus 2025")
A galinha reivindicativa (Fábulas Fabulosas - Millôr Fernandes)
Em certo dia de data incerta, um galo velho e uma galinha nova encontraram-se no fundo de um quintal e, entre uma bicada e outra, trocaram impressões sobre como o mundo estava mudado. O galo, porém, fez questão de frisar que sempre vivera bem, tivera muitas galinhas em sua vida sentimental e, agora, velho e cansado, esperava calmamente o fim de seus dias.
− Ainda bem que você está satisfeito – disse a galinha – E tem razão de estar, pois é galo. Mas eu, galinha, fêmea da espécie, posso estar satisfeita? Não posso. Todo dia pôr ovos, todo semestre chocar ovos, criar pintos, isso é vida? Mas agora a coisa vai mudar. Pode estar certo de que vou levar uma vida de galo, livre e feliz. Há já seis meses que não choco e há uma semana que não ponho ovo. A patroa se quiser que arranje outra para esses ofícios. Comigo, não, violão.
O velho galo ia ponderar filosoficamente que galo é galo e galinha é galinha e que cada um tem a sua função específica na vida, quando a cozinheira, sorrateiramente, passou a mão no pescoço da doidivanas e saiu com ela esperneando, dizendo bem alto: “A patroa tem razão: galinha que não choca nem põe ovo só serve mesmo é pra panela”.
Moral: um trabalho por jornada mantém a faca afastada.
Ainda que mude a pele a raposa, seu natural não despoja.