domingo, 31 de outubro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

Ruas da Infância - Elias José

A professora dizia que a rua tinha aquele nome em homenagem a um grande homem, digno de ser imitado. nós a ouvíamos meio duvidosos. Para nós, a rua era do pipoqueiro, do sorveteiro, do vendedor de algodão doce, do velho contador de estórias. De alguém que nos significasse muito, era o nome da rua. A praça não tinha nome, era da molecada toda. No futebol a coisa mudava: Rua de Baixo x Rua de Cima. As peladas eram na praça, atrás da igreja velha. Quando uma das turmas perdia na bola, tinha que ganhar no braço.

Minha rua era a de baixo. Casas velhas, sem pintura, algumas sem reboco. Cidadezinha que não coube no mapa, mas que transborda no meu coração. 

Depois da rua de baixo, a cidade se acabava e o rio nascia. No rio nadávamos, pescávamos. Para aprender a nadar bem, comíamos peixinhos vivos, Quando matavam porco, púnhamos restos da barrigada no balaio e os peixes vinham comer. Um dia, um cágado entrou no balaio e foi o nosso maior dia. Desfilamos com ele por todas as ruas. Depois passou a novidade e ele passou a morar só em nossa rua, uma semana em cada casa, até morrer. 

Depois a gente cresceu e ficava feio a gente brincar de esconder, jogar bolinha de vidro na toca, fazer açudinho com água da chuva, nadar pelado. Já se falava em namoradas. 

O tempo passou, a turma se dissolveu. Caminho por movimentadas ruas de uma cidade grande, mas levo comigo as ruas da infância. Me disseram que estão cheia de buracos, viraram pastos, as casas estão caindo de velhas. Mentiras! Feias são minhas ruas de hoje, tristes ruas de adultos, sem mistério ou esperança.

HUMOR  - Foi Deus

Um diretor de hospício resolveu acabar com a mania que vários malucos tinham de se apresentarem como Napoleão Bonaparte. Pôs toda a turma no pátio e berrou:
- Vamos ver agora: quem é Napoleão Bonaparte aí?
Muitos braços se ergueram.
- Você aí, vem cá! Quem foi que lhe disse que você é Napoleão?
- Ora, foi Deus.
Aí alguém gritou lá do fundo:
- É mentira dele! Não fui eu, não!
(Do livro "Português Dinâmico", 6ª série)


sábado, 30 de outubro de 2021

QUE PALAVRA!

Cavalo-de-pau - Manobra em que see faz o veículo inverter o rumo mediante a aplicação súbita de freios, e em geral para fazê-lo parar. (Aurélio).

- Brinquedo de menino pobre. Um talo de carnaúba, um cabo de vassoura. (Calepino Potiguar, de Raimundo Nonato)

Ainda falta o nome de um pequeno inseto que tem a aparência de um pau. Geralmente é desbotado, mais para marrom.

PROVÉRBIO

Olho viu, mão não buliu. 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

CARA DE SEXTA

Hoje é uma sexta com cara sexta, esticada até a terça. Teremos um final de semana daqueles que se prolonga com um feriado duplo.

E por falar em duplo, feriado é bom, mas tem o outro lado da questão: nem todo mundo consegue descansar em dias feriados. Muitas vezes nosso corpo se movimenta mais do que se estivesse no batente do trabalho. Isso constitui-se em mais uma das grandes vaidades do ser humano.

PROVÉRBIO

Olho viu, boca piu!

LIVRO

O livro é objeto maravilhoso em todos os aspectos, mas nem todos, obviamente, são bons para todas as ocasiões. E cada pessoa tem suas preferências e pode até detestar outros tipos de leituras.

Há quem goste de leitura que narra episódios sobre detetives, mas não lê de jeito nenhum histórias de amor. O livro é tão fantástico que tanto pode fazer o bem como o mal porque há livros que ensinam a fazer o bem ou não.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

INTROSPECÇÃO

Saiu de um muito falar, mais que o necessário - daquele jeito destemperado - para o jeito introspectivo, fechado com boa tranca. 

Tudo começa com fantasmas que apareceram na sua vida quando vivia o auge de suas falagens. 

Eles apareceram devagarinho e em todas as horas. Como veem, não são literalmente fantasmas que aparecem nas telas ou nas cabeças dos narradores populares. Se assim fosse, eles teriam se apresentado da meia noite em diante ou, se muito, ao meio dia e discretamente.

Do muito falar ao pouco ocorreu aos poucos, no ritmo de suas aparições. A partir daquele momento, ele introspectou um pouco, vindo a introspectar de forma mais acelerada até chegar ao grau de quase mudez hoje.

PROVÉRBIO

Olho do dono é que engorda porco (Minas).

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

CHAT É CHATO

Os chats mal chateados são chatos e atrasadores de vidas. O segundo caso é o pior de todos. Atrasamos a vida quando os chats são vazios de conteúdos interessantes, mal dialogados. É atrasativo quando não soma, não edifica, não traz harmonia e nem ajuda na melhoria pessoal.

PROVÉRBIO

Oh! Como sossego e felicidade se parecem!

terça-feira, 26 de outubro de 2021

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação servem para as pausas rítmicas, e, embora seu uso obedeça a uma influência toda pessoal, mister se faz, entretanto, conhecer certas regras.  (Tira-dúvidas de Português)

Na verdade, os sinais de pontuação são sinais como os sinais de trânsito que controlam o fluxo de veículos e o andamento dos pedestres. Sem os sinais, o caos seria muito pior daquilo que presenciamos.

Não são - como muitos querem fazermos crer - que os sinais são pausas para descanso dos interlocutores. Serve, sim, para disciplinar a fala e a escrita, mas as regras são indispensáveis. 

Em "Menino, volta aqui", temos o uso da vírgula apoiada no vocativo, que é o termo da língua que chama, evoca.

TERREMOTO

Ainda muito longe do ocorrido, os futurologistas, terremotólogos do povo, previam que poderia haver mesmo aquele reboliço na cidade. 

"Tais brincando!" 

"Isso não é possível!"

"Não há a menor chance disso acontecer!"

E o tempo passou. Aos poucos, mais gente passou a acreditar que as ameaças poderiam ser concretizadas, pois o estremecer já era notado cada vez mais perto. Chegou uma hora em que ele veio mesmo. Estalou-se. Seus efeitos já podia-se notar. 

PROVÉRBIO

Obedecer é mais fácil do que entender.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

RIO

Um rio corre. Primeiro, lentamente. Depois o passo acelera e já incomoda seu principal afluente, pois não há lenço que esbarre a sangria. 

Ardência e comichão precede o desaguar. Dores e fadigas são companheiras do despejar desse rio. Todos os anos esse rio corre e é despejado fora, aos poucos. Algumas cápsulas são mais eficientes do que os melhores lenços.

E assim, passa um dia e mais outro e mais outro. De repente, já nem mais se vê o despejar das águas. Responde em outro lugar um tossir seco, enjoado, que parece com uma corda quebrando ou tambor rouco. 

Depois - ainda bem - passa, para em outro momento sem hora, dia ou mês marcado, voltar esse escorrer chato e enjoado. 

PROVÉRBIO

O sertão é do tamanho do mundo.

domingo, 24 de outubro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

Virose - Chegou a vez dela. Está chegando devagarinho, sem pressa, mas inquietante.

Escondido - Sol escondido em parte. Dia abafado e poucos galhos das árvores em movimento. Resumo dessa manhã de domingo.

Velhos tempos 

A canção interpretada por Bartô Galeno foi sucesso entre fins dos anos 70 e 80. É uma das músicas bregas do passado de boa qualidade e que explorava o romantismo das pessoas de forma extraordinária.

Velhos tempos que não voltam
Nunca mais, nunca mais
Por onde andará teu sorriso
Naquela eclosão a se desmanchar

Em tua boca
Queria ouvir novamente
Aquelas palavras, ditas por ti

Te amo meu bem
Não sei por onde andará
Mas ouvindo este canto
De mim lembrarás

Então procure sonhar
E num sonho verás
Que eu te amo de mais

Por mais que a vida me arraste
E me ponha em desgaste
Não esqueço de ti

Mesmo secando o meu pranto
No meu desencanto não esqueço de ti
Velhos tempos a gente não esquece
Quando acontece o que me aconteceu.

O sino de ouro (Júlia Lopes de Almeida)

Maria Matilde tinha um sonho: fazer construir rente à baía de São Marcos, na sua linda cidade de São Luís do Maranhão, uma torre alta, muito alta, encimada por um enorme sino de ouro com os nomes de todos os Estados do Brasil, formados com pedras preciosas. Quando o sino badalasse, reboariam na atmosfera as suas sonoridades, acompanhadas pelo ritmo das ondas, e, quando os astros o iluminassem, rutilaria no espaço esplendidamente. 

Mas a velha louca parecia não ter um vintém de seu. Morava num casebre em ruínas, vestia-se de trapos imundos, comia só raízes e ervas do mato e bebia água na concha da mão encarquilhada e ossuda. Não tinha dinheiro para as necessidades da vida, porque, se lhe davam uma esmola, ela corria a escondê-la para o sino de ouro, e ia iludir a fome com os sobejos atirados pela caridade, ou um rabo de peixe chupado à porta de um pescador. Ninguém o sabia, mas o seu colchão estava já tão cheio de moedas que lhe magoava o corpo miserável, a ponto dela preferir estender-se no chão duro, sobre uma esteira esgarçada. 

Tinha a sua ideia fixa, e, para realizá-la, seria precisa uma fortuna! A sua torre de ouro, com um sino cravejado de pedras preciosas, maravilharia o mundo inteiro... Em casa ou na rua, a visionária falava só, gesticulando, movendo no ar os dedos nodosos, de unhas grandes. 

As crianças fugiam atropeladamente ao ver-lhe, de longe, o busto esguio; os adultos afastavam-se daquela imundície, e ela passava sem ver ninguém, resmungando: — Quando o sino de ouro fizer: ba-ba-la-ão! ba-ba-la-ão! todo mundo dirá: “É o coração do Brasil que está batendo... Que lindo é e como bate bem!” E ela ria-se, sacudindo os longos braços magros, a repetir pelas ruas sossegadas: — O coração do Brasil está parado... quero fazê-lo palpitar com força... Ba-ba-la-ão! Dão! dão! 

Uma noite de chuva e de relâmpagos, Maria Matilde chegou encharcada e tremendo com o frio da febre à sua choça; mas, logo ao entrar, esbarrou com uma pobre rapariga da vizinhança, que se ajoelhou chorando a seus pés. 

Qual não foi o seu espanto! se ninguém a procurava nunca... Uns tinham medo da sua morada de louca, supunham-na outros feiticeira, bruxa, o diabo em pessoa! 

Ela parou no umbral, estarrecida; a outra exclamou de mãos postas: 

— Maria Matilde, tem dó de mim! Minha madrasta, aquele má mulher, expulsou-me de casa e aos meus irmãozinhos, que foram mendigar por essas ruas quase nus... É por eles que eu choro. Dá-me um filtro, Maria Matilde, para abrandar o coração de minha madrasta e fazer com que meu pai abra a sua porta aos filhos pequeninos, que são inocentes e estão passando fome, sofrendo frio, com medo do escuro, por essas praias. Se for preciso o meu sangue para salvar os anjinhos, toma-o! Abre-me as veias, aqui tens o meu corpo! 

E a moça desnudava-se oferecendo os pulsos e o colo suplicemente. 

Maria Matilde, de olhos arregalados, dobrou-se toda sobre a linda cabeça da moça: 

— Darás a vida por teus irmãos? 

— Darei a vida! 

— Jura?

 — Juro! Aqui me tens, mata-me, se para bem deles a minha morte for precisa. Dizem que és feiticeira, mas o que tu és é surda! Não prolongues a agonia de meus irmãos, Maria Matilde! Aqui me tens! 

A velha considerou a rapariga com espanto. depois, rapidamente, correu ao catre, sumiu as mãos trigueiras nos rasgões da enxerga e atirou punhados de moedas, vertiginosamente, para o regaço da moça estupefata. 

— Teus irmãos estão nus? Toma, vai comprar agasalho para eles! Têm fome? Dá-lhes pão...muito pão... Toma! Toma! Toma! Vai para junto deles, boa irmã, vai com Deus! 

A moça aparava aquelas moedas inesperadas num delírio de felicidade. A velha deu-lhe tudo, tudo. depois empurrou-a violentamente pela porta fora, fechou-se por dentro e desatou a chorar. 

Como haveria ela agora de comprar o sino de ouro e construir a sua alta torre rutilante? Teria de recomeçar pelo primeiro vintém, e as costas doíam-lhe tanto...tanto! Ao menos nessa noite poderia dormir sobre o seu colchão... O que a fazia tremer eram aquelas cobrinhas de gelo que andavam a passear pela sua espinha... A cabeça estalava-lhe. 

Era a febre! Maria Matilde debateu-se toda a santa noite, com os lábios secos, os olhos em fogo, as roupas, ainda alagadas da chuva, unidas aos membros doloridos. 

Pela madrugada serenou. e rompia a manhã gloriosa, quando ela ouviu a voz dulcíssima de um anjo dizer-lhe à cabeceira: 

— Construíste esta noite a tua torre e por ela subirás ao céu! 

Maria Matilde atirou para fora do catre as pernas finas, aconchegou aos rins os molambos da saia, aos ombros os farrapos de um xale e correu ansiosa para a praia. 

A cidade dormia ainda; só os passarinhos despertavam cantando. No largo mar azul o sol nascente espelhava uma coluna de ouro tão larga e tão longa que ninguém lhe poderia calcular as dimensões. 

No ar voavam gaivotas até além, às nuvens de ametistas e de rubis, que engrinaldavam no horizonte a torre deslumbrante. Era a pedraria do sino que reluzia! Sumindo nela os olhos felizes e fascinados, Maria Matilde sacudiu os longos braços, gritando vitoriosa, antes de cair redondamente na areia fria:

— Ba-ba-la-ão! ba-ba-la-ão! Dão... Da...ão! Quando a miragem do sol se desfez, já a louca tinha subido pela torre de ouro até o céu! 

HUMOR - Menino sabido

- Filhinho, essa é a laranjeira que dá laranjas. Aquele é um pessegueiro e dá pêssegos. Veja a macieira de onde colhemos maçãs. De qual árvore você gosta mais?
- Gosto mais da árvore de Natal porque ela dá presente. 
(Da Folhinha do Coração de Jesus, 2007)

sábado, 23 de outubro de 2021

QUE PALAVRA!

Cavalete - Armação móvel na qual se põe a prancheta, a tela para pintar, o quadro-negro, etc. Armação ou banqueta para apoiar as peças em que trabalham carpinteiros, mecânicos, etc. (Aurélio)

Na música. Parte do instrumento que serve para suspender as cordas. (Silveira Bueno com etimologia)

Há, ainda, o cavalete, que serve de transporte para a travessia de rios, lagos, etc. em outras eras, era comum a gente vê um trabalhador que atravessava o rio de barreira a barreira na ida e volta do plantio.





PROVÉRBIO

O uísque é uma cachaça metida a besta.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

É OURO!

É ouro, sem que possamos pesar nem ver. Não tem cor essa coisa, mas cobiçado mesmo por quem o tem. Vive escondido dentro de cada um. É tão escondido e difícil de identificá-lo que muitos dizem que os outros é quem o tem e não eles.

É poderoso e também deletério se usado de maneira inadequada. Ele brilha para quem o utiliza bem. Do contrário, nem se vê. Fica submerso. O que aparece é somente seus efeitos danosos. Dá pena que isso aconteça. Não existe para ser desse jeito. É valioso como ouro ou como coisa de mais valor.

PROVÉRBIO

O vento ajunta a palha e depois espalha.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

GRAMÁTICA

Particípio - É uma das formas nominais do verbo e é empregado com os sufixos ado e ido.

Quando o verbo tem dois particípios, em geral, o particípio irregular se emprega com os verbos ser e estar e o irregular com os verbos ter e haver. 
Exemplos: Ele tinha expulsado o insolente da sala. O aluno fora expulso da sala.

O QUE É DEMAIS

Demais é ouvir o que não queremos. Muito custa e fere com ferida ardente os ouvidos de quem não quer ouvir.

Demais é você vê e não poder provar ou mesmo obter seja lá pelo motivo que for. É ver e não poder resolver ou dar um bom jeito, descolar uma resolução.

Escutar, mais que meramente ouvir, é demais se as palavras não entram fácil, seja por zumbidos vizinhos ou vindos de dentro.

Quando os erros transbordam num derramar sem estanque, mas é tido como normal ou até maravilhoso, também  é demais.


PROVÉRBIO

O velho valeu enquanto foi novo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

DUAS VIRADAS

A primeira virada antecipa a maior. Estamos nos aproximando da primeira que ocorrerá nesses dias. Não tardará. 

A segunda demorará mais um pouco, mas quando nos dermos conta, já estamos de frente para ela, com suas festividades e apelos, sem nenhuma novidade. Da primeira, nos resta expectativas para feriado acoplado a imprensão daqueles que todos gostam, principalmente quem atua em atividades remuneradas ligadas ao serviço público. Será uma folga daquelas, leves e descansosas.

Voltando à segunda virada, é só alegria e promessas de emendas e correções dirigidas aos trezentos e sessenta e cincos dias para a frente. Os que passaram, passaram e não há nada o que fazer a não ser lamentar e prometer.

Elas virão, com certeza. E quem não quer estar nelas?

PROVÉRBIO

O tição brigou com a brasa e a panelinha caiu.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

ELA APARECEU

Uma mancha maravilhosa se delineia no ar. Ela está bem no meio, escondida. Cores se misturam encobrindo-a em cheio. A manchas se movimentam e transformam o cenário de cores variadas que formam um todo encantador. A cor em destaque é a escura, mas um escuro misto que confunde nossos olhos a todo instante.

De repente, tudo começa a se transformar. Cada peça do todo se desmancha devagarinho, clareando, abrindo espaço. Longe, outros cenários são formados e desfeitos aos poucos, mas não podem ser comparados ao que estou tentando descrever. Um pássaro, talvez o último que voa, está longe e já procurando um agasalho em árvores ou em terra, dá suas últimas voadas. 

Do outro lado da maravilhosa mancha o clarão ainda é leve. Os olhos curiosos dos apreciadores nem sequer imaginam o que está por trás daquilo. As mudanças aceleram e oferecem um spoiler para o espectador. Aparece, enfim, um pouco, depois a metade, depois mais um pouco e o clarão se expande entre o fim da tarde e a entrada da noite. 

Ela, a rainha da noite aparece, livre, para iluminar os cantos onde sua luz é a única. Ou é um bom luzeiro apenas para quem através dela possa sonhar, poetar ou mesmo apreciá-la.

PROVÉRBIO

O sol nasce para todos e a lua para quem merece.

domingo, 17 de outubro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

As jabuticabeiras (Vivaldo Coaracy)

À hora do café matinal, a moça entrou, vindo do jardim, fingindo uma indignação que não era lá muito sincera e acusou em tom de promotor público:
- Os seus passarinhos...
Já sei. Quando os bichos - cachorros, passarinhos ou seja lá o que for - fazem alguma coisa errada, são meus. Quando está em paz, são nossos. Ou não vêm precedidos de possessivos. Fiquei logo sabendo que alguma coisa estava torta e perguntei como se impunha:
- Que fizeram os passarinhos?
- Depenaram as jabuticabeiras! Não ficou uma fruta para remédio. E a minha geleia?!...
- Paciência! Ficaremos este ano sem geleia de jabuticabas. Venha tomar o café antes que as torradas esfriem. 
Sorri. Para dentro, bem entendido. Sorri porque então compreendi aquela alegria exuberante dos sanhaços esta madrugada. Entre o alguidar que lhes serve de banheira e a ramalhada das árvores, dançaram um bailado vertiginoso, no trançado de curvas cinza-azuladas que traçaram no voo, cruzando os primeiros raios do sol, num delírio jovial e tumultuoso. Compreendi. Era a festa das jabuticabas. 
Está bem. Posso privar-me da gulodice apreciada, a troco da alegria dos passarinhos. Como que para recompensar a minha conformação, a corruíra do costume entrou pela sala adentro, acenou um bom  dia alegre e, familiar e descuidada, pôs-se a caçar mosquitos e outros bichinhos ao longo da vidraça. É a visita de todas as manhãs e já está confiada que nem mais se assusta com os arreganhos da Zita que finge querer pegá-la. O Rex, já experiente e desiludido, limita-se a acompanhar com o olhar sonolento, o saltitar da avezinha ao longo do peitoril. Contemplado a vivacidade da corruíra, a moça, com uma torrada a caminho dos dentes, esqueceu os sanhaços e as jabuticabas. Ainda bem. Mas eu continuei a pensar numas e noutros.
No fundo do jardim desta casa, existem duas jabuticabeiras vetustas, talvez centenárias. São tão velhas, que já estão de miolo mole. Fazem-me pensar no Rocha Alazão.
Rocha Alazão foi um boêmio que viveu neste Rio de Janeiro nos tempos de minha juventude. Não sejam indiscretos; não perguntem quando foi isso. Era mentiroso como ele só. A propósito fosse lá o que fosse, tinha sempre um caso mais extraordinário a contar. Uma vez em que, na sua presença, se falava em árvores venerandas pela antiguidade, o Alazão acudiu com a história de certa mangueira velhíssima que existira na fazenda de sua avó. Era tão velha, tão velha que já estava caduca.
- Caduca como, ó Rocha?!
- Ora! caduca, senil, de miolo mole. Já não sabia mais o que fazia. Dava manga misturada com goiaba., com caju, com sapoti, abacate, pitanga... Tudo ao mesmo tempo.
Bem; se eu disser que as jabuticabeiras aqui de casa já estão como a mangueira da avó de Rocha Alazão, os meus leitores não vão acreditar. Também não é tanto assim. Só dão jabuticabas. Mas que não regulam mais, não regulam mesmo. Perderam a noção do tempo. Deixaram de obedecer ao figurino imposto pela natureza para que cada coisa tenha a sua época própria. Às vezes frutificam em maio, às vezes em dezembro. Já as vi cobertas de flores, tronco e galharia, em pleno inverno. E como é linda uma jabuticabeira toda vestida, de cima abaixo, com a escumilha branca de suas flores docemente perfumadas! Não me venham dizer que flor de jabuticaba não tem perfume. Tem, sim senhores. Um perfume discreto e suave que acorda saudades nem a gente sabe de quê. Só não o sente quem não tem olfato e não tem alma.
No ano passado, as jabuticabeiras deste jardim floresceram e frutificaram durante o ano inteiro, uma carga após outra. Diante daquela exuberância pródiga, cheguei a supor que estivessem a se despedir da vida. Lá no fundo do seu instinto vegetal (por que não haverá um instinto vegetal? Que sabemos nós?) teria despertado a percepção de que o destino estava cumprido, de que a sua existência de árvores generosas chegava ao termo. E num derradeiro esforço na ânsia de se dar, despediam-se  da vida naquele desatavio de flores e de frutos e de folhas novas a sorrir no verde luminoso. Despediam-se da vida e dos seus amigos, os sanhaços, os tiés, as mariquitas, as aves alvissareiras que as envolviam numa grinalda viva de voos trançados em desenhos caprichosos.
Despiram-se depois das folhas. Em torno delas, junto ao pé do tronco, formou-se um tapete circular de folhas amareladas que vinham caindo, silenciosamente, como os flocos de uma neve dourada, a pousar de manso, uma após outra, sobre a aridez da terra dura. Era a seca. Ficaram nuas, com os galhos finos a desenhar uma filigrana parda de encontro ao azul do céu. Pareciam dois esqueletos irmãos a acenar o supremo adeus. Pensei cá de mim mesmo: "Morreram as jabuticabas!" E a alma chegou a vestir luto pelas árvores amigas.
Engano. Ilusão. Aparência. Vieram as chuvas e as jabuticabeiras reverdeceram. Duas vezes vestiram-se de flores. As primeiras um vento frio veio do sul, fora de tempo, crestou e matou. Persistentes, tenazes, na decisão de cumprir a tarefa que o destino lhes dera, as árvores brotaram nova florada, mais densa, como um vestido de noiva, que as envolveu, espraiando-se pelos ramos e pelo tronco abaixo até junto às raízes. 
E as flores se converteram em pequeninos botões verdes, esferas minúsculas agarradas ao lenho, que foram crescendo dia a dia, transformar-se em fruta. O sol das manhãs, ao voltar do seu passeio do inverno, foi lhes dando cor. Uma pincelada aqui, e uns riscos arroxeados foram surgindo sobre a epiderme verde das bolinhas já polpudas e gorduchas. Os frutos foram crescendo e tornando-se roxos, cada vez mais, quase pretos, antes de desprender-se da árvore.
A moça já via, por antecipação, na prateleiras da geladeira, fiadas de vidros cheios de uma geleia saborosa, cor de ametista translúcida. Mas os sanhaços acordaram cedo. E fizeram a festa das jabuticabas. 
Paciência! Não teremos geleias de jabuticaba para adoçar o amargo pão de cada dia. Sirva-nos de compensação a alegria desta passarada que povoa o velho jardim, que enche de cantos a manhã primaveril, que tece os ninhos na galharia das mangueiras frondosas. E valha-nos o exemplo consolador destas jabuticabeiras que, vetustas, quase ao fim da vida, ainda encontram na própria seiva a energia de dar, dar de si, dar para os outros. (Do livro "Portugês - Terceira série Ginasial" - Gilio Giacomozzi)

ALGUMAS PALAVRAS DO TEXTO
Sanhaço: espécie de ave também chamada sanhaçu ou assanhaço. 
Alguidar: vaso. 
Corruíra: Espécie de ave também chamada, no nordeste, de rouxinol. 
Vetusto: velho; decrépito.
Escumilha: tecido fino de seda ou lã.

HUMOR - Meu pai é tão grande
Dois garotinhos contando vantagem:
- Meu pai é muito grande! Tão grande que nem consegue passar embaixo da porta!
- O meu é maior! - rebateu o outro - Ele é tão grande, mas tão grande que pra fazer cesta no basquete, ele tem que se abaixar!
- Ah! Mas o meu é maior! Ele é tão grande, mas tão grande, mas tão grande que não pode comer iogurte!
- Não pode comer iogurte? - perguntou o amigo. - Como assim?
- É que um dia ele comeu e, quando chegou no estômago, já tinha passado o prazo de validade! (Seleção de Luzia Campos Lapa - Santos/ São Paulo - Da Folhinha do Sagrado coração de Jesus)

sábado, 16 de outubro de 2021

QUE PALAVRA!

Cavaco - Lasca de madeira(Aurélio). Estilha ou lasca de madeira (Dicionário Etimológico Nova Fronteira). São pequenos pedaços de madeira. Alguns são estilhaços quando a madeira é rachada. 

Daí a expressão "Dar o cavaco".  A expressão significa irritar-se, por ter sido motivo de brincadeira.

Cavaco também é alcunha de pessoas, por terem características semelhantes.


PROVÉRBIO

O sol é o poncho do mendigo (Gaúcho)

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

MUNDO INVISÍVEL

O visível e o invisível vivem paralelamente, quase se beijando, quase se tocando. O que ocorre no segundo, somente privilegiados sabem e desfrutam. Diferença se faz naquele mundo. Os eternos, do lado do bem... a estes mundos vale a pena participar.

Já os passageiros, é engano total. Aquele mundo passa tão veloz que os seus participantes nem sequer percebem. Quando chega um tempo determinado, a areia desaparece debaixo dos pés. E já era. O que ocorre lá, por ser escuso, nem precisa do esforço de ninguém para sua destruição. Como se um sopro invisível fosse atirado contra eles, eles saem de linha como marcas de produtos de grande sucesso e venda.

PROVÉRBIO

O sertão nunca dá notícia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

terça-feira, 12 de outubro de 2021

BONS VENTOS

A sabedoria popular, especialmente quando se trata de previsões de inverno para o ano seguinte, explica à sua maneira de forma que, se observada posteriormente, chegaremos a dizer: "Pois não é mesmo"?

Os ventos soltos desses dias falam pela boca do homem do campo atento aos fenômenos da natureza. Eles se manifestam de maneira mansa ou brava.

"Se não venta, já viu, não haverá chuva". Foi o que captei recentemente de um dos observadores da sábia natureza.

POEMA ÉPICO

Podemos dizer que o "ciclo" das epopeias já se encerrou: aquele poema antigo, longo, narrando a história de um povo, como Os Lusíadas, de Camões, modelo das epopeias de Homero, Odisseia e Ilíada, que parecem ter inaugurado tal forma de poesia narrativa. Dos poemas homéricos também saiu a Eneida, de Virgílio. A Divina Comédia, de Dante, é também considerado um poema épico, mas aqui com uma visão global do homem, não necessariamente histórica. Não há referências a epopeias modernas, podendo o termo, ocasionalmente, designar um vasto poema, onde se pretende contar a "história" do homem ou de alguns de seus feitos. Mas o poeta épico tem trânsito em todos os tempos, é o poeta que atingiu os grandes espaços, transcendência, , livrou-se daquela poesia pessoal, confessional, marcadamente lírica.

Clássico, medieval, simbolista ou romântico, todo poeta superior tende para o épico. Dispondo em partes o pensamento, diríamos que o poeta épico se caracteriza pela dilatação do "eu" ao infinito de suas possibilidades, a ponto de romper suas próprias barreiras e invadir o plano do "não-eu". Ele ultrapassa, desse modo, a contemplação exclusivista de sua imagem sempre refletida em espelho côncavo, postura característica do poeta lírico, e cria uma poesia a-confessional e a-emocional ou melhor, supra-confessional e supra-emocional. (Do Vocabulário Técnico de Literatura, de Assis Brasil)

Um poema épico é, via de regra, ficção. Não deixa de haver alguns traços de história. Uma epopeia é sempre uma grande viagem. Quem não gosta de viajar, certamente não gosta de epopeias.


PROVÉRBIO

O seguro morreu de velho e o desconfiado ainda vive.

domingo, 10 de outubro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

Lenda da mandioca (Nair Starling)

Mani nasceu diferente das outras índias.

Era branca como lírio. Era, também, a índia mais bonita que já existiu na terra.

Os índios todos gostavam dela, como de um ser sobrenatural,  porque um espírito branco apareceu, em sonhos, ao chefe da tribo e lhe contou que Mani era um presente de Tupã.

Um dia, porém, sem se saber como, Mani adoeceu e morreu.

A tristeza na tribo foi geral e profunda. Os índios choraram muito e enterraram Mani no jardim. 

Todos os dias iam ver-lhe a sepultura. E choravam, choravam tanto que as lágrimas molhavam a terra.

O tempo passou... Veio a primavera. Na cova de Mani nasceu uma planta desconhecida.

A planta cresceu. Um dia, os índios cavaram a terra e encontraram um tubérculo. Notaram que parecia com o corpo de Mani e, acreditando no milagre, comeram-no, certo de adquirirem, assim, mais vigor para as lutas. Fizeram dele, também, uma bebida e embriagaram-se. 

Mani existia ainda transformada em planta. Mani era um presente sagrado de Tupã...

E os índios cultivaram com carinho o corpo imortal de Mani, transformado em alimento e chamaram-lhe: mandioca.

Mandioca é, pois, nome alterado de manioca e significa: pão da terra ou carne de Mani. (Livro Infância Brasileira)

HUMOR - O menino ganhou uma bicicleta. A mãe, então, levou-o para brincar na praça. Enquanto ela lia, sentada ao banco da praça, o menino dava as voltas.

- Mãe, mãe, sem os pés. Mãe, mãe, sem as mãos.

- Muito bem, meu filho.

Na próxima vez, vem o filho chorando e empurrando a bicicleta:

- Mãe, mãe, sem os dentes... (Da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus)


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

PROVÉRBIO

O risco que corre o pau, corre o machado.

PALAVRAS

Palavras pesam
Quando colocadas
De supetão
Jogadas ao vento
Sem forma
Sem prumo
Sem objetivo
Sem razão.

Palavras podem curar
Podem também 
Se atravessadas
Podem criar
Muitas feridas
Que ao longo do tempo
Não tem mais jeito
De consertar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

CHUVA

Começou a cair pingos leves, pequenos e com pouca intensidade. Ficava no ar, um grande ponto de interrogação: Será que vai aumentar ou parar de vez? 

O que, por enquanto, parava era as engrenagens da sociedade. Tudo o que movia, ou parava de vez ou parcialmente. Não havia protocolos, pois estes estavam em estudos. Reuniões e mais reuniões eram necessárias para o entendimento do que estava ocorrendo. As forças-tarefas começaram a surgir, aos poucos. 

O que fazer se os pingos engrossarem e aumentarem? "A coisa vai engrossar". Era o que diziam. Foi o tempo que delineou tudo, como em todos os momentos que ficamos fazendo interrogações sobre o futuro. O tempo começou mais ou menos a dizer o que ia ocorrer. E ele disse muita coisa. Só não disse como seria o fim desse ciclo.

PROVÉRBIO

O remédio quando não mata, cura.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

PALAVRA DA LÍNGUA

Apotegma - Máxima, sentença curta que contenha uma lição moral.

UMA VOLTA TARDIA

Pelos protocolos sanitários convencionados, a volta total dos alunos nas aulas presenciais deveria ocorrer neste dia quatro, ontem, segunda-feira. E foi o que ocorreu, pelo menos no meio dessas bandas daqui.

A volta foi tardia - de acordo com o nosso humilde pitacar - tendo em vista os riscos da doença estarem bem distantes. 

Bom seria que não tivesse havido essa parada quando tudo começou. Naquele tempo, todo mundo ficou apavorado e não pensou que o protocolo poderia funcionar, assim como agora. 

O que passou, passou. Agora é bola pra frente. O prejuízo está posto e não adianta chorar o suco derramado.

E mais. O que foi posto acima não é nada, nadinha, científico. É apenas, only, uma modesta opinião.

PROVÉRBIO

O que você queria? Ser dama da companhia? 

BEM-AVENTURANÇAS

"Bem-aventurados" os que sobem
Quando muitos não podem subir
Impedidos pelas circunstâncias
Engendradas em oficinas embutidas
Que constroem o porvir.

Bem-aventurados são
Os que são porque merecem
Trabalham com afinco
Atuam e defendem
Todos os que padecem.

São bem-aventurados
Quem vive do pensar
Sem em um minuto 
A vida dos outros
Tentar atrapalhar.




terça-feira, 5 de outubro de 2021

HOJE É DIA DO PROFESSOR

Soube há pouco, num clique, que hoje é dia do professor. Não aqui, mas é dia do professor em alguns países. Dia mundial do professor. 

No Brasil ainda faltam dez dias.

PROMULGAÇÃO DA LEI MAIOR

Nós que vivemos o ano de 1988, nem precisa de livros de história ou cliques na grande rede para lembrar que nesse dia 5 de outubro daquele ano a Constituição Federal brasileira passou a valer oficialmente. Não significa que ela começou a ser cumprida integralmente. Significa que ela começava a ser observada e que as leis nela contidas iriam aos poucos sendo observadas. 

Houve solenidade, com direito a transmissão de rádio e TV. 

COISA DA LÍNGUA

Ambiguidade - Também chamada anfibologia. É o sentido duplo, duvidoso.
Exemplo: Ele prendeu o ladrão em sua casa.

Onde está a ambiguidade? É que não está claro se o fato se deu na casa do ladrão ou na casa dele mesmo.
Outro exemplo: Venceu o Fluminense o Flamengo.

Aqui não se sabe quem venceu.

PROVÉRBIO

O que um faz, outro aproveita. 

SEDE AO POTE

Quando a sede estiver muito grande, não se deve sorver de forma intensa. Este é o espírito do adágio popular "Não se deve ir com muita sede ao pote". 

Mas o que fazer, se o pote tinha água fria e boa? Fica difícil aconselhar a um sedento a não beber avidamente uma água naquelas condições. E foi o que fez: sua sede foi amenizada com muitos goles rápidos e desesperados, pois as energias tinham sido exauridas depois da grande caçada de meses. Naquele período, só tinha gasto em abundância sem a devida reposição. Havia um descontrole entre a entrada e saída. O "esfomeamento" era natural. A reposição também. O adágio era esquecido. O pote estava ali, com água fria. Podia esperar. Mas não. A preferência foi pelo caminho mais fácil, que é o da pressa.

Sorvida em pequenos goles, dava para ser saciada a sede. No final, ocorreu o óbvio. Dores físicas sem fim.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

BOM TEMPO

Para aliviar o sofrimento, clamam os da banda do oeste, nos confins da cidade, por água que venha de baixo.

Embaixo não tem, se de cima não cair ou ponte não for edificada para levar o precioso, principalmente para os brutos.

De cima está mais perto de voltar. Esperemos e oremos com força, que ela virá. No final da semana passada já houve um bom sinal.

PROVÉRBIO

O que tem de ser, não precisa empurrar.

domingo, 3 de outubro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

O sabiá e o urubu (Monteiro Lobato)

Era à tardinha. Morria o sol no horizonte enquanto as sombras se alongavam na terra.
Um sabiá cantava e tão lindo cantava, que até as laranjeiras pareciam absortas a escutar.
Estorce-se de inveja o urubu, e queixa-se:
- Mal abre o bico este passarinho e o mundo se enleva. Eu, entretanto, sou um espantalho de que todos fogem com repugnância... Se ele chega, tudo se alegra. Se me aproximo, recuam... Ele, dizem, traz felicidades; eu, mau agouro... A natureza foi injusta e cruel comigo. Mas está em mim corrigir a natureza; mato-o, e desse modo me livro da raiva que seus gorjeios me provocam.
Pensando assim, aproximou-se o urubu do cantor que, ao vê-lo, armou as asas para a fuga.
- Não tenhas medo, amigo! Vem para mais perto afim de melhor gozar as delícias do teu canto. Julgas acaso que por ser urubu não vou dar valor às obras primas da arte? Vamos lá, canta! Canta ao pé de mim aquela formosa melodia com que há pouco extasiavas a natureza.
O ingênuo sabiá deu crédito àqueles mentirosos grasnos e permitiu que lhe pousasse ao lado o traiçoeiro urubu. Mas este, logo que pilha o cantor ao alcance, ferra-lhe tamanha bicada que o derriba, moribundo. 
Arquejante, com os olhos já envidrados, geme o passarinho:
- Que mal te fiz para merecer tanta ferocidade?
- Que mal me fizeste? É boa! Cantaste!... Cantaste divinamente bem, como nunca urubu nenhum há de cantar. Ter talento: eis o crime.
A inveja não admite o mérito.

VIDA - Água é vida. Água é tudo.

HUMOR - A patroa dá explicações para a empregada:
- Marinete, nós tomamos café às 6h30min todos os dias.
- Tudo bem. Não precisa me chamar. Eu só tomo café mais tarde.


sábado, 2 de outubro de 2021

QUE PALAVRA!

Catálogo - Relação ou lista metódica, e em geral alfabética, de pessoas ou coisas (Aurélio)

Era comum o catálogo telefônico dos nomes e endereços das pessoas e empresas. Era através deles que achávamos números de telefones nos momentos de necessidade. Hoje achamos os números com um clique.

Os catálogos de pedidos de produtos, seja de perfumes ou do lar, ainda está em franco uso.

PROVÉRBIO

O que se leva desta vida, é a vida que a gente leva (Barão de Itararé)

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

POEIRA

Um poema sombrio

De longe veio a poeira e poucos a notavam. Ela aparecia e se alojava entre as narinas dos que dela se aproximavam constantemente. Ela foi chegando, chegando aos poucos. Depois desaparecia para voltar com alguns dias. Primeiro, como que aos íntimos, ela estava presente em momentos de festa.

Resolveu frequentar mais os círculos sociais. Aparecia com mais frequência onde tinha mais pessoas. E foi se espalhando, contactando com mais e mais, até aumentar o número dos que a conheciam. O curioso é que ela era inofensiva. Estranho, né? 

Quais os desdobramentos dessa história? Veremos.


PROVÉRBIO

 O que os olhos não veem, o coração não sente.

PROVÉRBIO

A muita familiaridade causa menosprezo.