A seguir, um cordel produzido por Narcízio Rebouças e distribuído no dia 31 de dezembro de 2008, na ocasião da inauguração da praça e do busto de Antenor Severino da Costa na Avenida 16 de Setembro. Se estivesse vivo, seu Antenor completaria hoje 91 anos de idade. Faleceu em 2 de abril de 1995.
Upanema amada por Antenor
Nosso Senhor me iluminou
Com o dom da intuição
Também agradeço
A Nossa Senhora da Conceição
Esta homenagem a Antenor
Que faço de coração.
O poeta areia-branquense
Neste espaço memorial
Recorda agora o seu sogro
Que foi muito especial
Pois em toda a sua vida
Nunca praticou o mal.
Em 1927 registro para vocês
O ano que ele nasceu
E julho era o mês
O calendário decorava
Marcando o dia três.
Lembro-me de Upanema
Com enorme satisfação
Cidade que ele nasceu
E amava de coração
Onde viveu com esperança
E estimada posição.
Seu pai Francisco Severino
Agricultor por natureza
E a mãe de Antenor era
Francisca Tereza
Dois amores que ele honrou
Amando com toda certeza.
Com um ano de idade passou
Por grande aflição
Pois sem menos esperar foi
Vítima da destinação
Perdeu o seu querido pai
E conviveu com a emoção.
Com oito anos de idade
Começou a trabalhar
Ajudando a sua mãe
Aos seus irmãos criar
Este foi um dos problemas
Que ele não pode estudar.
Antenor viveu sua infância
Dedicada ao trabalho
Mesmo sem ter estudo
Não fazia embaralho
Ia direto ao assunto
Sem fazer nenhum atalho.
Quando jovem ele saía
Em noite enluarada
Chegava cedo em casa
E levantava de madrugada
Ele plantou as sementes
Trabalhando com a enxada.
Aos dezenove de idade
Realizou seu casamento
Casou-se com dona Adélia
Inesquecível sentimento
E ficou ao lado dela
Na alegria e no sofrimento.
Jesus disse estas palavras
"Crescei e multiplicai-vos"
Antenor sabia disso
E nove vezes foi pai
Mais três ele adotou
Da sua história não sai.
Ao sogro e a sua sogra
Ele deu muita assistência
E quando ficaram enfermos
Tomou logo a providência
De trazer para morar
Os dois na sua residência.
Ele sempre foi disposto
Trabalhou de carregador
Também carregou balaio
Saindo de vendedor
Foi dono de padaria
E também foi criador.
Não escondia de ninguém
Que não sabia da didática
Não foi bom de teoria
Era experiente na prática
Por isso foi comerciante
E entendia de matemática.
Na política teve momentos
De alegria e de dor
Encontrou gente sincera
E quem fosse traidor
Mas conseguiu se eleger
Três vezes vereador.
Em 1982
Candidatou-se a prefeito
Três candidatos contra ele
Concorreram no mesmo pleito
Mas devido às leis injustas
Antenor não foi eleito.
Precisou dos votos dos três
Na soma ser calculado
Sendo individualmente
Antenor o mais votado
E temendo as autoridades
O povo ficou calado.
Foi um homem caridoso
Que servia de coração
Chegava a Semana Santa
Cumpria a sua devoção
Para o povo necessitado
Ele repartia o pão.
Quando chegava o São João
De noite e também de dia
Ele preparava a roupa
E o "Velho Joca" assumia
Só ele mesmo animava
O pastoril com harmonia
Na história de Upanema
Estão registrados os gritos
que o "Velho Joca" soltava
Nos pastoris tão bonitos.
Hoje o povo já não vê
Como antes eram vistos
Poucos como Antenor
Em Upanema alegrou
Onde havia forró
Os salões ele animou
E o povo sente falta
Que o "Velho Joca" deixou.
No dia 8 de dezembro
Na Festa da Padroeira
Ele fazia forró
Para a nação forrozeira
Também fez alguma festa
De origem seresteira.
Em homenagem à protetora
Senhora da Conceição
Estava sempre presente
Dando a sua contribuição
Ajudava nas barracas
Também gritava o leilão.
Em Upanema ele fez
Festa importante e atraente
Uma noite inesquecível
Bastante surpreendente
O título da festa era
"Os velhos também são gente".
Ele também participou
De corrida de argolinha
Montado em seu cavalo
Confiante sempre vinha
Uma vez foi campeão
Vontade que ele tinha.
Onde tinha vaquejada
Antenor participava
Com seu cavalo alazão
Que ligeiro avançava
Vaquejada no sertão
Antenor por perto estava.
Ele foi organizador
De bastante cantoria
Prosava com os conhecidos
Sempre com muita alegria
E era devoto de Nossa Senhora
A Virgem Maria.
Quando ouvia as rimas
Ficava muito contente
De diversos violeiros
Que se encontravam presentes
Como as de Elizeu Ventania
Que hoje está ausente.
Antenor comprava discos
E também diversas fitas
De bastante cantadores
Cantando canções bonitas
Sobre tudo que Deus fez
Como muitos naturistas.
As virtudes de Antenor
Eram claras e evidentes
Por amor a Upanema
E também à sua gente.
Em algumas ocasiões
Ele criava um repente
"Quem encosta-se a Deus
Ele não cai
Ele está em qualquer canto
Dê graças em nome do Pai
do Filho e do Espírito Santo"
Com estes versos de Antenor
Hoje eu canto e encanto.
Na esquina do mercado
Próximo à Matriz da Conceição
Antenor tinha um comércio
que vendia refeição
E outras variedades
Servia à população.
Todas as segundas-feiras
Tem a feira da cidade
Nos recorda Antenor
Em sua atividade
atendendo os feirantes
E a toda comunidade.
Este dito que todos cumprem
Para Antenor tinha graça
É que não faça aos outros
O que não queres que te faça.
Ele não olhava a cor
As condições e a raça
Eu vi ele perdoando
E também pedir perdão
Defendendo a igualdade
respeitando o cidadão
E ouvi ele dizer
que tinha horror à solidão.
Antenor não escutava
Quem falava da vida alheia
Os que iam à sua casa
Viam que era barriga cheia
E toda noite de Natal
Adélia preparava a ceia.
Um dia sentiu no peito
Uma dor lhe apontar
Da cidade de Upanema
Teve de se ausentar
E na mesma hora disse:
Vivo eu não vou voltar.
O importante para ele
Era estar mesmo vivendo
Aguentou em Upanema
Ficou mesmo sofrendo
E só saiu de sua terra
Estando quase morrendo.
Ele sentiu no coração
Nosso Senhor lhe chamar
E falou para os seus filhos
Que queria se enterrar
Na cidade de Upanema
Porque amava este lugar.
De Upanema a Messejana
Seu coração acelerou
A saudade era tanta
Que o pranto não segurou
E Deus teve piedade
O seu coração parou.
Antenor deu bons exemplos
Mostrando que era forte
Lutava com perseverança
E contava com a sorte
Mas uma parada cardíaca
Foi a causa de sua morte.
Um sentimento profundo
Ninguém pode se impor
Quem ensina é o mundo
E o lar que existe amor.
O coração dói no fundo
Com a ausência de Antenor
Além da falta que ele faz
Para a cultura de Upanema
Para o povo necessitado
Sua perda foi um problema
Tinha a luta e a lealdade
E a amizade como tema.
Quem conhecia Antenor
Notava sua humildade
Fazia tudo com amor
Pela solidariedade
Seu jeito sentimental
Só aumenta nossa saudade.
Sinto-me emocionado
Por estar recordando agora
Muita gente que se lembra
De Antenor ainda chora
Porque ele era um amigo
Que servia a qualquer hora.
Ele se preocupava
Com os menos favorecidos
Seus trabalhos voluntários
Por alguns foram esquecidos
Mas nesta literatura
Os seus exemplos são lidos.
Na Rua Salviano Florêncio
Se localizava seu lar
Onde preparava os filhos
Para a educação escolar
Eu sigo contando a história
Cantando aqui e acolá
Hoje ele é homenageado
Por tudo que praticou
Sua força de vontade
Ao seu povo dedicou.
E o amor por Upanema
Ele no céu multiplicou.