Segundo os melhores dicionários, apelido é cognome, alcunha, designação especial de alguém, sobrenome de família.
A não ser nos populares, não encontramos o significado que pomos para apelido.
Apelidar alguém é quase sempre dar-lhe um nome que ele não gosta de jeito nenhum. Muitas vezes o apelido combina com uma parte do corpo ou o corpo inteiro: Macarrão, Roladeira, Cabeção, Olho-de-jipe, Lavanca, Pinga-fogo, Caboré, Biscoito, Raposa, Peba, Olho-de-Prata.
Ou uns que agradam: Bonita, Mocinha, Linda.
Há uns que são colocados pelos irmãos. Titi, Titita, Tõe, Toim, Chiquim, Bichim, Lolô, Cute.
Da lista acima, quase todos saíram lá de casa. Não sei por que me alcunharam de Cute. Depois vim saber que Cute em inglês americano significa bonitinho, engraçadinho ou esperto. No inglês a pronúncia é outra: kiut.
A história do velho Garapa ninguém merece que repitamos aqui.
Contarei a de Lavanca.
Lavanca já tinha muitos apelidos quando foi trabalhar no roçado de um senhor. Começou a limpar o mato da lavoura bem cedo, mas não sabia tirar o matinho que ficava ao pé do milho ou feijão. Assim, de vez em quando o dono do serviço ia lá e dizia:
"Seu Antônio, abaixe-se e arranque o matinho assim."
Então ia lá e demonstrava pra ele.
Não tinha jeito que desse jeito. Quando olhava, estava o mato lá. Então repetia o mesmo ritual.
Como a paciência tem limite, o homem enfezou-se e depois de explicar pela terceira ou quarta vez, disse em alto som:
" Parece que engoliu uma Lavanca!"
Aí foi prato cheio pra os encharcadores de plantão.
O sujeito demitiu-se e teve que suportar já no dia seguinte a gritaria da "mundiça" da rua em cada esquina:
"Lavanca, Lavanca, Lavanca!"
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