Numa dessas campanhas políticas para prefeito e vereador, estavam querendo
fabricar um candidato para um grupo acolá. Quase todas as noites, havia
reuniões para encontrarem o dito candidato. Naquela época nem se cogitava uma
candidata. Havia noite que a reunião era na zona rural, próxima. Outra noite, a
reunião se dava no centro da cidade ou em qualquer ponto afastado.
O certo é
que era uma reunião de assembleia seleta. Para quem não sabe o que significa
seleta, nem precisa ir ao dicionário. Seleto: escolhido, excelente, selecionado. Traduzindo: privilegiados e
escolhidos a dedo pelos líderes. Foi nesse contexto, que apareceu um sujeito
metido e curioso, que queria saber de tudo que se passava na escolha dos
candidatos. Quando havia uma reunião, ele especulava e lá estava ele, dando
pitacos, para depois encher na rua. No meio dessa coisa toda, um outro cara
arranjou uma maneira de despistá-lo: “Rapaz, está acontecendo nesse momento uma
reunião lá nos conjuntos. Corra logo, senão você perde!” Não é que ele foi na
conversa e se meteu numa bicicleta velha, com o dedo no ouvido.
Foi naquele
tempo em que Upanema ainda não tinha calçamento até os conjuntos. Na carreira,
meus amigos, ele teve a infelicidade de passar num trecho em que tinham
colocado uns paus, como quebra-mole. Ele partiu cego de vontade de chegar logo.
Não deu outra. Meteu o pneu da frente nos paus e foi ao chão. Todo
desorientado, levantou-se. Pena que não sei o fim da história. É provável que
ele não tenha mais acertado o caminho dos conjuntos. E também é provável que
ele não tenha mais ido atrás de conversas políticas de cabos eleitorais.
Em
tempo: a dita reunião estava ocorrendo bem no centro da cidade, nas suas
barbas. Foi um daqueles melas que dávamos quando brincávamos na época de
criança.
(Jo Jornal de Upanema, 80ª edição)