domingo, 22 de abril de 2012

QUEM SE LEMBRA?

O açúcar vilão de muitas doenças não o era no passado. O contexto era outro, para começar. Nos anos 70 e noutros dos 80, o consumo de açúcar branco era muito pequeno. Ainda tenho na minha memória o que diziam acerca disso: 

- Açúcar branco é coisa de rico. 

Eu olhava lá em casa e constatava essa afirmativa. Lá só usávamos o preto. Eu via nas casas dos convencionados de rico e só era açúcar branco.

Com o passar dos anos, o preto deu lugar ao branco e os pobres se igualaram aos ricos. O preto deu lugar ao branco numa forma, digamos, trágica; simplesmente desapareceu lentamente, como num passo de gado.

Quando cuidei, já não se via nas bodegas os pretos.

"Cadê os pretos?"

"Foram embora. Todos ficaram ricos".

Depois constatei que os os pretos foram embora, todos ficaram ricos e mais doentes. Dizem por aí que o preto mais saudável do que o branco. 

Anos depois, encontrei uma pessoa comendo açúcar preto. Então perguntei:

"Açúcar preto?"

"Não. Isso é açúcar mascavo".

"No meu tempo era preto".

"Mas agora é mascavo".

O tempo passou e o mundo está cada vez mais doce e mais amargo ao mesmo tempo. Os produtos industrializados cada vez mais toma lugar do não-industrializado.

Não sei se ainda há solução para isso. Cabe a nós humanos achar a resposta. Não somos tão inteligentes para fazermos o mal? E por que não sabemos encontrar soluções para o bem? Hein? 

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DEZESSEIS

Faltam apenas dezesseis centímetros para a barragem "Jessé Pinto Freire" - barragem de Umari - sangrar.