NAQUELE TEMPO
Cantadores de viola
No povoado, a festa mais bonita do Natal era no sítio do João Raimundo, o lavrador que fazia anualmente a maior colheita de algodão.
Festa de papouco. Brincava-se, cantava-se e dançava-se dois dias e duas noites.
Nos lugarejos da roça, o Natal é a grande quadra dos "sambas". Em toda palhoça uma festa. Violas, harmônicas e cavaquinhos enchem de música todos os terreiros.
O "samba" do João Raimundo começava ao amanhecer de 24 de dezembro. Mal o sol ia apontando no céu quando as roqueiras estrondeavam nos ares.
Quando a manhã nascia, o terreiro estava todo plantado de ariris, enfeitado de arcos de pindoba e bandeirolas de papel. No centro, um grande mastro com a figura do menino Deus pregada na bandeira que tremulava no alto.
Junto à casa, a latada coberta de murta e palmas verdes. Era debaixo da latada que se dançava.
A festa do João Raimundo tinha fama por aquelas redondezas.
Convidavam-se os melhores tocadores de viola. Apareciam dois ou quatro cantadores para o "desafio". As mais queridas de chorado não deixavam de vir dançar. Havia comida para se botar fora. (Viriato Corrêa em "Cazuza" - Publicado em 1938).
O fragmento acima é de um escritor maranhense. A história do livro é do final do século XIX, mas há muito de atual e algumas cidades do Nordeste.
Algumas palavras são totalmente desconhecidas de nós. Outras, nem tanto.
Roqueira - cano de ferro, cheio de pólvora, que se faz detonar por ocasião das festas.
Ariri - palmeira pequenina das campinas do Norte, que os matutos plantam nos terreiros por ocasião das festas.
Pindoba - folha de palmeira
Desafio - duelo em versos improvisados, ao som da viola.
Chorado - dança usada no Norte.
Palhoça - Sala feita de palha (carnaúba ou outra palmeira)
Terreiro - Local aberto, na terra.
Latada - Abrigo coberto com palhas. Servia para o descanso, ou no caso, dançar.
ESCOLA
Escola é lugar de instrução, conhecimento. Conhecimento sistematizado orientado pelo professor. Qualquer tentativa fora disso, continuaremos com os números negativos que temos.
CELULAR
Objeto maravilhoso, mas mal utilizado. Não é ele o vilão. Vilão é quem não sabe manejá-lo na hora certa e como ferramenta certa.
REPETIÇÃO
A repetição é uma técnica, estratégia, digamos, infalível, da persuasão e aprendizagem.
REPETIÇÃO II
"Pedi, vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será averta para vós. Ou qual dentre vós é o homem que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe entregará uma pedra?" (Evangelho segundo Mateus, 7,7, 9 e 10 - Edição King James)
Tem também a história da viúva persistente que, de tanto pedir ao juiz, ele atendeu. (Lucas 18)
O homem que pede emprestado a um amigo três pães, à meia-noite. Insiste tanto que o amigo, mesmo contrariado, atende.
Os exemplos acima se encaixam mais na perseverança, mas também na repetição. De tanto repetir, os personagens das histórias ficaram com aquilo na cabeça.
Com a aprendizagem ocorre mais ou menos isso.
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