domingo, 23 de setembro de 2018

O VAIVÉM

Era um dia um velho chamado Zusa, que trabalhava pelo ofício de carapina. A sua oficina era um brinco, sempre asseada, a ferramenta muito limpa, tudo nos seus lugares. 

Mas a mania do velho era batizar cada ferramenta com um nome apropriado. O martelo chamava-se toc-toc, o formão, rompe-ferro, o serrote, vaivém.

Quando um carapina do lugar precisava de uma, corria logo à oficina do Zusa, a pedir-lhe de empréstimo. 

Mas, tantas lhe fizeram, demorando a entrega ou ficando com as ferramentas algumas vezes, que o velho resolveu parar com os empréstimos.

Certo dia foi à oficina um menino, de mando do pai, e disse:

- Papai manda-lhe muitas lembranças e também pedir-lhe emprestado o vaivém.

Mestre Zusa pôs as cangalhas no nariz e respondeu:

- Menino, volta e diz a teu pai que se vaivém fosse e viesse, vaivém ia, mas como vaivém vai e não vem, vaivém não vai.  

Vocabulário:

Carapina: carpinteiro
De mando: a mandado, por ordem
Brinco: maravilha, perfeição
Cangalhas: óculos

(Infância Brasileira, Lindolfo Gomes, terceira série primária, páginas 140-1, Companhia Editora Nacional, 1960)


Nenhum comentário:

TEMPO DE CHOVER

Como há tempo para tudo e um pouquinho mais, há tempo de chover.  Mas não é agora. Faz parte do tempo de não-chover . Esperemos um pouco, um...