É uma seleção de crônicas de Machado de Assis escritas no século XIX e publicadas nos principais jornais do Rio de Janeiro.
Trecho de "A Semana", em 24 de abril de 1892, da "Gazeta de Notícias", Rio de Janeiro:
Na segunda-feira da semana que findou, acordei cedo, pouco depois das galinhas, e dei-me ao gosto de propor a mim mesmo um problema. Verdadeiramente era uma charada; mas o nome de problema dá dignidade, e excita para logo a atenção dos leitores austeros. Sou como as atrizes, que já não fazem benefício, mas festa artística. A cousa é a mesma, os bilhetes crescem de igual modo, seja em número, seja em preço; o resto, comédia, drama, opereta, uma polca entre dous atos, uma poesia, vários ramalhetes, lampiões fora, e os colegas em grande gala, oferecendo em cena o retrato à beneficiada.
No trecho encontramos algumas palavras ou expressões interessantes. Destaco o acordar "pouco depois das galinhas". Dizemos "acordar com as galinhas", que dá no mesmo. Como veem, a expressão é antiga.
Destaco também o numeral dois. Dizia-se "dous" com a maior naturalidade. Hoje a palavra perdeu a vida.
Cheiro de papel - O cheiro de papel das revistas, livros e jornais novos nada dizem sobre o seu teor. É o que sinto o olfato de textos como d'A Semana e dos contos fluminenses. Os primeiros, de 1970, apesar de publicados há quase um século antes; os contos, cheirosos, publicados próximos daqueles, mas, os que tenho, impressos no ano passado. Os dois, todos marcados com o estilo de Machado. Ferrados com a sapiência do "Bruxo", seja em papel cheiroso, seja em papel mofento.
O olhar para o céu
Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo.
Foi numa noite igual a esta
Que tu me deste o coração
O céu estava assim em festa
Porque era noite de São João.
Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro o teu olhar
Que incendiou meu coração.
Olho pro céu e vejo
Uma nuvem branca que vai passando
Olho na terra e vejo
Uma multidão que vai caminhando
Como essa nuvem branca
Essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo
É você meu Pai.
Acima, excertos de uma antiga canção popular de Luiz Gonzaga e um outro de Roberto Carlos.
Um simples olhar para o céu pode não representar nada para alguns, mas muito para outros.
No sky, há muita coisa bonita. Não só nuvens, mas pássaros e mais pássaros. Até mesmo o céu azul é lindo.
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