domingo, 23 de fevereiro de 2025

REGISTOS DE DOMINGO

CHUVA

Nuvem passageira

Uma neblina relâmpago ontem depois das 20 horas. Pouco registro ou nenhum.

ESPORTE

No sentido exato da palavra, "esporte" já diz tudo no nome. 

Esporte é o que praticavam os meninos do texto abaixo e o que fazíamos nós naquele tempo nas ruas e várzeas da cidade.

A rua do Caloca (Armando Nogueira)

Bendito o bairro em que os meninos ainda podem jogar futebol pelas calçadas. Ipanema, as ruas amenas de Ipanema estão sempre cheias de meninos a chutar bolas. Hoje de manhã, mesmo, passei por dois garotinhos, um de seis anos, outro de três, no máximo: o maior ensinava, pacientemente, o menor a chutar com o peito do pé. Ontem, a turma da Rua Barão de Jaguaribe enfrentou o time da Rua Redentor. O time da Barão de Jaguaribe joga de camisa branca com uma listra azul, acho que no ombro direito.

Quando estou folgado, subo e desço as ruas da vizinhança, olhando os meninos no futebol: são vinte, trinta de cada lado, todos garotinhos abaixo de dez anos, ardendo na pelada que nunca tem hora para acabar; não há muito rigor contra a violência e só uma regra é respeitada − a mão na bola. Ninguém cuida de demarcar as laterais do campo, as coisas se desenrolam mais ou menos como um autêntico mob-footbal, exceto quanto à mão. Tocou o dedo na bola, falta, “quem cobra sou eu”; e forma-se um bolinho em volta da bola, parece cobrança de pênalti no Maracanã.

Para maior encanto de Ipanema, de quando em quando, um automóvel interrompe a partida de futebol, mas invariavelmente os motoristas têm o carinho de reduzir a marcha a uma velocidade que não ponha em risco a vida das crianças e que, por outro lado, lhes permita desfrutar, ainda que como espectador, das emoções da pelada. Esse comportamento dos carros humaniza ainda mais a vida de Ipanema, dessas ruas silenciosas que se cruzam perto da Lagoa e entre as quais a mais encantadora, sem desmerecer as outras, é a Redentor, que os políticos conhecem como a Rua Eurico Gaspar Dutra e que eu saúdo como a rua do time do Caloca. 

Pena é que naquela esquina, perto da Aníbal de Mendonça com Redentor, more uma senhora estranha ao clima espiritual deste bairro adorável, onde as meninas brincam de cantigas de roda e os meninos de jogar futebol.

Se eu fosse alguma coisa neste país, já teria corrido de Ipanema aquela mulher rabugenta, que, na presença de vinte meninos, furou a bola deles com uma tesoura e, depois, cortou em pedacinhos. Só porque uma rebatida imprecisa do Diguinho jogou a bola no quintal da casa dela.

Era uma bonita bola, rosada, Seleção de Ouro, que os meninos tinham comprado em vaquinha por novecentos cruzeiros. (O melhor da crônica brasileira)

EM IPANEMA E UPANEMA

No passado, Ipanema e Upanema era a mesma coisa quando se tratava de jogar peladas de futebol. A gente brincava nas ruas disputando espaço com as pessoas que passavam. O perigo não eram os carros, pois não havia. Uma carroça poderia passar, mas era raro. As pessoas, sim, precisávamos de desviarmos delas. A polícia às vezes botavam a gente pra correr. Os vizinhos, muitos deles, cortavam a bola se caísse dentro de casa ou no quintal. Mas era bom o divertimento.

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