domingo, 15 de maio de 2022

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

CHUVA DE ONTEM - 3mm.

IDEIAS DE PIERLUIGI

Como estudar?

Muitos alunos sabem quando e quanto estudar, mas não sabem como estudar.

As distrações - Você deve estar em um local sossegado, confortável e que permita concentração.

Por isso... nada de TV e rádio! E celular também.

Mas não posso estudar ouvindo música?

Pode, mas vamos entender algo muito importante com relação ao funcionamento de seu cérebro: a transmissão de um pulso elétrico, de um neurônio para o outro, é absurdamente mais vagarosa do que na fiação de um computador.

Consequentemente, para superar essa "lerdeza", o nosso cérebro usa um truque que, em informática, é chamado de "processamento paralelo".

Isso significa que várias partes do cérebro conseguem realizar tarefas diferentes e ao mesmo tempo. Um ser humano consegue guiar um automóvel mascando chiclete, ouvindo música no rádio e ainda conversando com o passageiro.

Analisando com detalhes o cérebro de um ser humano não canhoto, vemos que cada uma das metades (denominadas "hemisférios cerebrais") se especializou em realizar tarefas específicas. 

Imagine um crânio visto de cima: no hemisfério esquerdo, temos os módulos cognitivos Linguístico e o Lógico-matemático; no direito localizam-se o Musical e o Espacial.

Como você já deve ter suspeitado, ao estudar as matérias da escola você utiliza mais os módulos 1, 3 e 4.

Portanto, se estudar ouvindo música instrumental (sem que alguém cante num idioma que você conheça), não apenas o módulo 3 não vai interferir com os outros, como até ajudará a abafar outros ruídos do meio ambiente que poderiam atrapalhar sua concentração. Mas... e se eu quiser ouvir uma banda de rock que tenha um vocalista?

Que seja rock húngaro, pois se o vocalista cantar num idioma compreensível (húngaro é absolutamente incompreensível, a não ser para os próprios húngaros... e mesmo assim com ressalvas!), a letra da música irá interferir no módulo 1, distraindo sua atenção daquilo que você possa estar lendo ou escrevendo. (Do livro "Aprendendo inteligência", de Pierluigi Piazzi)

QUEM SE LEMBRA? 

Mandrake - Nos velhos tempos, Mandrake era um personagem ilusionista que foi sucesso nos anos 30 e até bem mais adiante.

O nome foi transportado para uma brincadeira: o madrake dava ordens através do "Mandrake!" E todos paravam. Quem se mexesse primeiro, seria o próximo Madrake. 

Outro nome para a brincadeira era "Estátua".

VOLTA DO LATIM

Algumas palavras existem somente no plural.

Angustiae - desfiladeiro
Deliciae - delícia
Divitiae - riqueza
Indutiae - tréguas
Nuptiae - casamento, núpcias
Tenebrae - trevas

A caçada de Pedrinho - Monteiro Lobato

No dia marcado tomaram o café com farinha de milho de manhã e saíram na ponta dos pés, para que as duas velhas nada percebessem. Passaram a porteira do pasto, atravessaram a Mata dos Tucanos Vermelhos e de lá seguiram rumo ao capoeirão da onça.

Rabicó não havia mentido. Os rastos da onça estavam impressos na terra úmida. Ao fazerem tal descoberta o coração dos cinco heróis bateu mais apressado. Dos cinco, não; dos quatro, porque, como todos sabem, Emília não tinha coração.

- Que é isso, Pedrinho? — disse a boneca — notando a palidez do chefe. Será medo?

— Não é medo, não, Emília. É...

— É... receio, eu sei — caçoou a terrível bonequinha.

Orientados pelos rastos da onça, os caçadores não podiam errar. Era seguir na direção deles, que fatalmente dariam com a bicha. 

— Avante, Saboia — gritou Pedrinho, espichando no ar a espingarda como se fosse espada. 

— Avante! — repetiram todos os outros, menos Rabicó, que estava sem fala. E com o maior entusiasmo, os heroizinhos foram caminhando durante meia hora.

Súbito, o Visconde, que ia na frente de binóculo apontado, gritou com voz firme:

— A onça...

— Onde? — indagaram todos ansiosos.

— Lá longe, naquela moita — lá, lá...

Realmente, alguma coisa se mexia na moita indicada e não tardou que uma enorme cara de onça aparecesse por entre as folhas, espiando para o lado dos cinco heróis.

Pedrinho dispôs tudo para o ataque. Enquanto isso, a onça deixava a moita e com o andar manhoso dos gatos dirigia-se, agachada, para o lado deles. Era o momento. O Visconde ergueu a espada e com voz grossa de comandante superior deu um berro de comando:

— Fogo!

Rabicó, todo treme-treme, não conseguiu nem riscar o fósforo. Foi preciso que Pedrinho viesse ajudá-lo. Por fim, riscou fogo à mecha.

Ouviu-se um chiado e logo depois um tiro soou - Pum! Mas um tiro chocho, que não valeu nada. A situação tornava-se muito séria e Pedrinho, desapontado com o nenhum efeito das armas de fogo, berrou a plenos pulmões:

— Salve-se quem puder!

Foi uma debandada. Cada qual tratou de si e, como se houvessem virado macacos, todos procuraram a salvação nas árvores.

A onça, desapontadíssima, ali permaneceu, sentada sobre as patas de trás, com os olhos fixos nos caçadores, que a tinham logrado. Parece que sua intenção era ficar de guarda até que eles descessem. 

— Espera que te curo — disse Pedrinho, lembrando-se que trazia no bolso um pouco de pólvora dos pistolões. Tomou um punhado e, ajeitando-se no galho que ficava bem a prumo sobre a onça, derramou-lhe a pólvora em cima dos olhos.

A ideia valeu. Completamente cega pela pólvora, onça pôs-se a corcovear que nem doida, enquanto esfregava os olhos com as munhecas, como se quisesse arrancá-los.

— É hora! Avança, macacada! — gritou Pedrinho escorregando pela árvore abaixo.

Assim atacada por todos os lados, a onça não teve remédio senão morrer. Estrebuchou e foi morrendo. Quando deu o último suspiro, Pedrinho, no maior entusiasmo de sua vida, entoou um canto de guerra:

— Alé guá, guá, guá...

E todos responderam em coro:

— Hurra! Hurra! Pica-Pau-Amarelo!...



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