terça-feira, 24 de dezembro de 2019

UMA FIGURA DE LINGUAGEM

Precioso líquido: uma antonomásia

Antonomásia é a substituição de um nome por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique. (Luiz Antonio Sacconi, professor de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo)

A Veneza brasileira é Recife, capital de Pernambuco, por sua estrutura lembrar aquela cidade italiana.

O rei do futebol é Pelé, pois assim foi convencionado Edson Arantes do Nascimento. Na época ele era muito bom mesmo.

O Redentor é Cristo, pois para os cristãos do mundo inteiro é ele que redime os pecados das pessoas. Jesus também é identificado como o Mestre.

A Águia de Haia só nos faz lembrar Rui Barbosa, por ter representado o Brasil na Segunda Conferência de Paz de Haia, na Rússia. Por sua erudição, recebeu essa alcunha.

O Rei das selvas é o leão. Nem precisamos gastar o verbo.

Paris é a cidade-luz devido suas maravilhosas luzes durante a noite.

Rio de janeiro é a cidade maravilhosa, pois é assim que seus habitantes a chamam pelas suas belezas.

O precioso líquido é a água, mas poderia ser o petróleo. Sem ela, todo mundo fica inquieto, reclamando. As pessoas ficam obrigadas a comprar, quando poderia ter em sua casa um serviço que está sendo mal feito.

Nos anos 80 aprendi a ouvir todos os dias os programas policiais nas rádios de Mossoró. Os programas eram de broncas por causa dos buracos nas ruas, falta de energia ou água.

Foi nesses programas que ouvi pela primeira vez os comunicadores falarem acerca da falta do precioso líquido. Todo mundo entendia de quê se tratava, mas quase ninguém sabia o nome que se dá a isto, inclusive eu: 

O consumidor reclamava que em seu bairro há dias não pingava uma gota, mas no final do mês a conta chegava.

"A Difusora bota a boca no mundooooo!" Gritava a vinheta do programa "Cidade aflita" comandado por Edmilson Lucena, a partir das onze da manhã.

"Hoje eu vou sentar a pua
E não ligo pra ninguém
Quem gostar muito obrigado
E não gostar me queira bem
Tá na hora da verdade
Bote o rádio pra escutar
O que o povo tá falando
Eu também quero falar.

Quem tem rabo de palha
Não se meta comigo
É que mato tem olho
E paredes têm ouvido. (bis)"

O programa ainda existe, no mesmo horário e na mesma emissora, mas sob o comando de José Antônio. O que não mudou foi a falta d'água e a empresa.


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DEZESSEIS

Faltam apenas dezesseis centímetros para a barragem "Jessé Pinto Freire" - barragem de Umari - sangrar.