Milhares de crianças todos os
dias formam seus formigueiros, uma mente cheia de imaginação. O pai, com
dureza, a mãe com carisma. Um futuro que se tentam construir, uma aula que
promete ser inesquecível, imaginação, fantasia, tristeza, desencontro promete ser
existente. Minha mãe contava suas histórias. A seca que matou muitos
nordestinos.
O pai muito cedo levava seus filhos para sentir o peso da enxada,
os calos que nasceram do trabalho e miséria. Enquanto outras crianças muito
cedo ganhavam uma máquina de datilografia, andavam nas charretes
desconfortáveis, não sabiam o que era perda, muito menos passar fome, viam os
pais muito autoritários com seus empregados, e logo mandavam os filhos para
Lisboa estudar Medicina ou Direito.
Enquanto o menino que não soube o que era infância e nunca tinha festas
de aniversário, mas a comemoração era a chuva. Quando ela vinha, a festa estava
feita: canjica, pamonha, milho assado, o leite. A fartura era essa. Esse mundo
não era nada rejeitado para esse povo. No fim de ano, a mãe pobre não comprova
roupas novas, dinheiro era raro, aproveitavam os sacos de algodão para fazer o
tão vestido esperado.
E assim ia para a missa, a moça sorridente, o brilho se
estampava sobre si, e outras mocinhas usavam vestidos de chita, isso quando a
situação era melhor. No outro lado, as moças encomendavam seus vestidos a uma
costureira que era muito caro. Viajavam para o estrangeiro com a família e
escolhia onde iria. As moças logo cedo ficavam frustradas, depressivas,
estressadas, não escolhiam seus maridos. Os pais eram severos e as moças
casariam com rapazes do mesmo nível. As sertanejas pés-rachados, queimados do
sol – o bronze era esse – não tinham dinheiro sempre, não casavam com rapazes
ricos. Elas eram humildes, iam com suas irmãs para o rio lavar as simples
roupas. Muitas delas eram lindas, mas a sociedade não as via como uma moça,
porque eram pobres. O mundo evoluiu, a ganância só aumentou, e o povo condena o
Nordeste.
O preconceito só fez aumentar com o passar dos anos, assim como essas
duas classes vêm se confrontando. A
esperança é que um dia todas as classes não sejam divididas e sim, que o pobre
entre e saia onde quiser, sendo respeitado, e o rico aprenda que é essa classe
que o enriquece e que a humildade um dia prevaleça. Não podemos viver sem o
Nordeste, assim como não podemos viver sem o Sudeste.
(Aline Mendonça, aluna do 2ª série B, do Ensino Médio do
Calazans Freire)
Um comentário:
Aline você narrou exatamento como foi e como é que eram as coisas.até parace que você viveu essa época.gostei.Parabéns.Régia Mendonça Gondim.
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