TEXTO ANTIGO
A arte de ler - 1ª parte
Aprender a ler - dizia Goethe - é a mais difícil das artes; e, certo, não estava muito longe da verdade o grande pensador, ao formular tal afirmação. Hoje, graças à difusão sempre crescente da instrução primária em todos os países, o analfabetismo diminui de dia para dia, e a grande, a imensa maioria, nos centros civilizados, é dos que leem. Mas, se muitos leem, a verdade é que poucos sabem ler.
A leitura mal feita é um dos fenômenos contemporâneos mais deploráveis, porque suas consequências não se limitam apenas ao campo da literatura, mas estendem-se à ordem científica, moral e religiosa, a todas as camadas, enfim, do terreno social.
A importância da leitura na formação intelectual dos grandes escritores é coisa de fácil demonstração, e reconhecida pelos mais competentes. "Nossos conhecimentos são os germens de nossas produções", escreveu Buffon, no famoso "Discurso do estilo". Montaigne, Bossuet, Rousseau, Chateaubriand, Flaubert, quase todos os mestres da prosa francesa, foram infatigáveis amantes da leitura.
Bonaparte, em Brienne, era ledor de tal força que ia a ponto de tirar a paciência ao bibliotecário do colégio.
que prodigiosa leitura não revelam os Sermões de Vieira e cada um dos trabalhos do nosso extraordinário Rui Barbosa?
Albalat considera a leitura o "alicerce da arte de escrever". E nota judiciosamente que, para "todos nós, o campo da imaginação é qual terreno inculto: pode produzir, mas cumpre que seja arado".
Quase sempre, após uma leitura, é que as vocações literárias se manifestam, porque por ela é que nosso espírito se abre para os múltiplos recursos da arte de escrever.
La Fontaine reconheceu que era poeta ao ler uma ode de Malherbe. O inimitável estilista, aliás, começou a escrever as suas imortais fábulas aos 47 anos de idade.
As vantagens da boa leitura são variadíssimas e todas excelentes: dissipa as mágoas; eleva o espírito; ensina a ortografia e a construção regular das frases; e, antes de qualquer trabalho, quando as ideias nos fogem, escorva, por assim dizer, a imaginação. Alguns objetam: "Timeo hominem unius libri" - Temo o homem de um só livro. Sim, responde Albalat, se esse livro único é a Bíblia ou Homero, porque ali há de tudo em resumo, e do melhor. A dificuldade prática é escolher bem o que se deve ler.
Para as inteligências ainda não formadas é que são maiores os perigos. Payot diz com muita felicidade: "Tão perigoso é deixar um espírito jovem ler ao acaso, quanto entregá-lo às promiscuidades da rua". É de lamentar o descaso que se observa neste assunto: são raríssimos os bons livros para a juventude, a qual vive a perder seu tempo lendo Conan Doyle, Nick Carter, ou jornais e revistas perfeitamente imbecis.
Na prática, é bem difícil, sem guia competente, fazer uma seleção razoável nas ondas diluvianas de produção de toda ordem, com que nos inundam as livrarias. Antes da Conflagração, segundo a estatística, excediam a "dez mil" os volumes anualmente editados só em França, dos quais três mil e quinhentos eram romances. As bibliotecas modernas querem ultrapassar montanhas.
(Jônathas Archanjo da Silveira Serrano, em Português, 3ª série ginasial, Gilio Giacomozzi)
LEITURA DE CONAN DOYLE - O autor acima coloca em sua lista dos escritores que a juventude não deve perder tempo, o autor de Sherlock Holmes. É o primeiro leitor que vejo não recomendar a leitura do autor escocês. Sua leitura é envolvente e muito saudável. Talvez por uma questão de estilo é que Jônathas Serrano não recomenda Conan Doyle para os jovens. Eu recomendo e leio a obra daquele autor há muitos anos, como recomendo os clássicos universais e nacionais.
RIQUEZA - A riqueza intelectual que trazem os clássicos é infinda. Uma geração sustentada por leituras produzidas por colegas em bate-papo de chats não pode produzir bons textos.
MÚSICA NA MINHA VIDA
Rock do camelo, de Elino Julião
A pistola - Ainda tenho uma marca, no braço esquerdo, da picada da vacina contra aa meningite. Foi aplicada no mercado público de Upanema. Ainda me lembro que entrávamos em fila na porta do lado da lanchonete de Ivan e saíamos na outra porta. Mesmo com o medo de doer, enfrentávamos aquela pistola, que fazia um barulhinho e dava uma picadinha leve. Era uma pedalada e uma picada. Não sei mais nenhum detalhe sobre quem eram os aplicadores, se daqui da cidade ou de Mossoró ou Natal. Nem o ano sei quando. Em São Paulo a imunização ocorreu em 1974. Imagino que tenha chegado aqui de dois a três anos depois.
Vacinação - A vacinação consiste essencialmente em injeções ou incisões ligeiras na pele, havendo também vacinas orais. A vacinação antivariólica é praticada nos braços, pernas ou nádegas, por meio de uma lanceta ou de um vacinador. A pequena ferida, que dela resulta, seca rapidamente e dá lugar , nos indivíduos que não estão imunizados, à formação de pústulas, cuja evolução é muito rápida (três dias em média). Ao fim de alguns dias, a pústula seca e cai, deixando em seu lugar uma cicatriz que em geral perdura para sempre. Há muito raramente sintomas gerais: febre, dores, etc. (Enciclopédia Brasileira Globo, volume 12)
MARCAS - A marca da cicatriz em meu braço esquerdo provocada pela vacina contra meningite, apesar de mais de quarenta anos, ainda está como se fosse há pouco tempo.
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