domingo, 14 de março de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

TEXTO ANTIGO

A arte de ler - 1ª parte

Aprender a ler - dizia Goethe - é a mais difícil das artes; e, certo, não estava muito longe da verdade o grande pensador, ao formular tal afirmação. Hoje, graças à difusão sempre crescente da instrução primária em todos os países, o analfabetismo diminui de dia para dia, e a grande, a imensa maioria, nos centros civilizados, é dos que leem. Mas, se muitos leem, a verdade é que poucos sabem ler.

A leitura mal feita é um dos fenômenos contemporâneos mais deploráveis, porque suas consequências não se limitam apenas ao campo da literatura, mas estendem-se à ordem científica, moral e religiosa, a todas as camadas, enfim, do terreno social.

A importância da leitura na formação intelectual dos grandes escritores é coisa de fácil demonstração, e reconhecida pelos mais competentes. "Nossos conhecimentos são os germens de nossas produções", escreveu Buffon, no famoso "Discurso do estilo". Montaigne, Bossuet, Rousseau, Chateaubriand, Flaubert, quase todos os mestres da prosa francesa, foram infatigáveis amantes da leitura.

Bonaparte, em Brienne, era ledor de tal força que ia a ponto de tirar a paciência ao bibliotecário do colégio.

que prodigiosa leitura não revelam os Sermões de Vieira e cada um dos trabalhos do nosso extraordinário Rui Barbosa?

Albalat considera a leitura o "alicerce da arte de escrever". E nota judiciosamente que, para "todos nós, o campo da imaginação é qual terreno inculto: pode produzir, mas cumpre que seja arado". 

Quase sempre, após uma leitura, é que as vocações literárias se manifestam, porque por ela é que nosso espírito se abre para os múltiplos recursos da arte de escrever.

La Fontaine reconheceu que era poeta ao ler uma ode de Malherbe. O inimitável estilista, aliás, começou a escrever as suas imortais fábulas aos 47 anos de idade.

As vantagens da boa leitura são variadíssimas e todas excelentes: dissipa as mágoas; eleva o espírito; ensina a ortografia e a construção regular das frases; e, antes de qualquer trabalho, quando as ideias nos fogem, escorva, por assim dizer, a imaginação. Alguns objetam: "Timeo hominem unius libri" - Temo o homem de um só livro. Sim, responde Albalat, se esse livro único é a Bíblia ou Homero, porque ali há de tudo em resumo, e do melhor. A dificuldade prática é escolher bem o que se deve ler.

Para as inteligências ainda não formadas é que são maiores os perigos. Payot diz com muita felicidade: "Tão perigoso é deixar um espírito jovem ler ao acaso, quanto entregá-lo às promiscuidades da rua". É de lamentar o descaso que se observa neste assunto: são raríssimos os bons livros para a juventude, a qual vive a perder seu tempo lendo Conan Doyle, Nick Carter, ou jornais e revistas perfeitamente imbecis.

Na prática, é bem difícil, sem guia competente, fazer uma seleção razoável nas ondas diluvianas de produção de toda ordem, com que nos inundam as livrarias. Antes da Conflagração, segundo a estatística, excediam a "dez mil" os volumes anualmente editados só em França, dos quais três mil e quinhentos eram romances. As bibliotecas modernas querem ultrapassar montanhas. 

(Jônathas Archanjo da Silveira Serrano, em Português, 3ª série ginasial, Gilio Giacomozzi)

LEITURA DE CONAN DOYLE - O autor acima coloca em sua lista dos escritores que a juventude não deve perder tempo, o autor de Sherlock Holmes. É o primeiro leitor que vejo não recomendar a leitura do autor escocês. Sua leitura é envolvente e muito saudável. Talvez por uma questão de estilo é que Jônathas Serrano não recomenda Conan Doyle para os jovens. Eu recomendo e leio a obra daquele autor há muitos anos, como recomendo os clássicos universais e nacionais.

RIQUEZA - A riqueza intelectual que trazem os clássicos é infinda. Uma geração sustentada por leituras produzidas por colegas em bate-papo de chats não pode produzir bons textos.

MÚSICA NA MINHA VIDA

Rock do camelo, de Elino Julião

Vou comprar o meu camelo
Que não gasta gasolina
O meu fusca amarelo
Vai mofar lá na oficina.

E nessa onda viver muito feliz
Vou fazer economia
Ajudar o meu pais.

Eu já me vejo na avenida
A cantar feliz da vida
Dirigindo o meu camelo
E o vento buliçoso
Levantando meu cabelo
E minha gaita na garupa
Vai deixar a gente maluca
Com o black ouriçado
Meu camelo a 80
Vai correr sem ser multado.

CAMELO

Vou comprar o meu camelo
Que não gasta gasolina

Para uma criança dessas bandas que ouvia uma música dessa só poderia imaginar que "camelo" era o animal. O que mais poderia ser?

Depois, muito depois do sucesso de Elino Julião, ouvi "Eduardo e Mônica", interpretada por Renato Russo. A música também fala das diferenças no comportamento entre dois adolescentes. Mônica, sempre mais avançada, estava numa moto.  Eduardo, num camelo. Foi aí que eu, já grandinho, soube que o camelo não era um animal.

Se encontraram então no Parque da Cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo.

O camelo não gasta gasolina, mas gasta peças, pneus. A música "Rock do camelo" mostra a sabedoria popular de fugir dos preços altos migrando para outros produtos. 

VACINA

A pistola - Ainda tenho uma marca, no braço esquerdo, da picada da vacina contra aa meningite. Foi aplicada no mercado público de Upanema. Ainda me lembro que entrávamos em fila na porta do lado da lanchonete de Ivan e saíamos na outra porta. Mesmo com o medo de doer, enfrentávamos aquela pistola, que fazia um barulhinho e dava uma picadinha leve. Era uma pedalada e uma picada. Não sei mais nenhum detalhe sobre quem eram os aplicadores, se daqui da cidade ou de Mossoró ou Natal. Nem o ano sei quando. Em São Paulo a imunização ocorreu em 1974. Imagino que tenha chegado aqui de dois a três anos depois.

Vacinação - A vacinação consiste essencialmente em injeções ou incisões ligeiras na pele, havendo também vacinas orais. A vacinação antivariólica é praticada nos braços, pernas ou nádegas, por meio de uma lanceta ou de um vacinador. A pequena ferida, que dela resulta, seca rapidamente e dá lugar , nos indivíduos que não estão imunizados, à formação de pústulas, cuja evolução é muito rápida (três dias em média). Ao fim de alguns dias, a pústula seca e cai, deixando em seu lugar uma cicatriz que em geral perdura para sempre. Há muito raramente sintomas gerais: febre, dores, etc. (Enciclopédia Brasileira Globo, volume 12)

MARCAS - A marca da cicatriz em meu braço esquerdo provocada pela vacina contra meningite, apesar de mais de quarenta anos, ainda está como se fosse há pouco tempo.

EXPRESSÕES POUCO USADAS NO PRESENTE

Mandar lembranças - Quando víamos alguém que poderia ter contato com outra distante, dizíamos: "Mando lembranças a fulano". Hoje o mundo está pequeno por causa dos meios de comunicação que funcionam a toda velocidade e nem precisamos mais disso.

Dar as horas - A saudação com bom dia, boa tarde e boa noite está ficando restrita ou quase isso a auditórios em solenidades. Um oi basta ou mesmo um gesto.

GRAMÁTICA

A gramática, segundo Paschoal Cegalla, é "um meio posto ao nosso alcance para disciplinar a linguagem e atingir a forma ideal da expressão oral e escrita. Temerário seria quem pusesse em dúvida a utilidade do estudo da disciplina gramatical. Maldizer da Gramática seria tão desarrazoado quanto malsinar os compêndios de boas maneiras só porque preceituam as normas da polidez que todo civilizado deve acatar".

O texto acima foi publicado em 1977. Parece extemporâneo, mas não é. A opinião sobre gramática do estudioso Cegalla é a de todos ou quase todos os gramáticos da atualidade. Há quem advogue que a gramática e as falas e escritas sem regras têm o mesmo valor. Sim, pode ser que em diferentes contextos o uso da gramática não tenha sentido, como em uma palestra para pessoas não alfabetizadas. Mesmo assim, entre elas, o falar com regras é interessante.

GRAMÁTICA II

A ortoepia - Ocupa-se da boa pronunciação das palavras. É a emissão perfeita das vogais e grupos vocálicos, enunciando-os com nitidez, sem acrescentar, omitir ou alterar fonemas. Exemplos: feixe e não fêxe. Rouba e não róba. Advogado e não adevogado. Nascer (nacer) e não naicer. Freada e não freiada. Superstição e não supertição.

AGAIN

Estamos mais uma vez com as torneiras inativas. A falta d'agua não é constante, mas torna-se uma chatice, pois há água no subsolo de sobra. Há um algo que impede que ela chegue às torneiras sempre. Num intervalo indefinido de tempo ela desaparece, sem que saibamos o real motivo.

ENERGIA ELÉTRICA

Com a energia ocorre algo que nos faz lembrar os anos 80: um apaga e acende rápido. Depois volta ao normal.

TRÉGUA

As chuvas deram uma parada entre nós. É um março muito diferente do ano passado. 

APROVADOS NO SUBSEQUENTE DO IF

Maria das Graças, Emanuelly, Juliana, Arianny, Marta Jussara, Raiane e Silvânia.

SAÚDE

É o que mais interessa e o resto não tem pressa.

CONTRAMÃO

Anda-se na contramão no trânsito e na vida. Em ambos, é um perigo viver assim.

TARDE

Tarde agradabilíssima com algumas neblinas soltas, aqui e acolá.

RECORTE DE JORNAIS

Chuvas no RN devem ficar 15% acima da média em 2018 (Jornal defato, 2 de dezembro de 2017)

Cinco cidades do Mato Grande entram no sistema de rodízio (Jornal defato, 2 de dezembro de 2017)

O homem que emancipou Upanema (Jornal de Upanema, 26 de outubro de 2003)

HUMOR

Certo dia, o funcionário entra na sala do chefe e, respeitosamente diz:

- Senhor Estêvão, o senhor me desculpe, mas há três meses que eu não recebo o meu salário aqui da empresa.

O chefe olha fixamente para o empregado, sorri e responde:

- Está desculpado!

(Revista Seleções, junho de 2009)

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PROVÉRBIO

A candeia morta e a gaita à porta.