quarta-feira, 12 de outubro de 2022

UM CÉU QUE CAIU

De tanto aprontarem, aqueles seres não se livraram dos céus, que desabaram, aos poucos, sobre suas cabeças.

O desabamento foi um processo lento, sem vexame. Não precisou de pressa, afinal, não é verdade que a pressa é inimiga da perfeição? Se não é totalmente inimiga, amiga que não é, pois, cada vez que nos apressamos, as coisas têm tudo para não dar certo.

E foi assim que as coisas de cima começaram a desabar nas cabeças deles, sem que eles percebessem a gravidade.

Caiu um pouquinho daquilo, mais um pouquinho até transformar-se num poucão ou muito mesmo.

O leve muitas vezes é enganatório, dependendo da substância, quantidade e intensidade.

O que caiu de cima tinha tudo isso. E por ser uma substância de natureza cimentória, caía e ia formando-se aos poucos uma coisa fechatória e sufocante.

E quando deram fé, já não podiam sair mais. Já era.


Nenhum comentário:

PROVÉRBIO

A pedra e a palavra não se recolhem depois de deitada.