quarta-feira, 7 de julho de 2010

O MILAGRE DE SÃO RAFAEL I

Durante a infância e a adolescência, Flávio José Dionysio tinha dificuldade com a leitura e a escrita. "Não conseguia entender direito o que estava no papel". 

Ao chegar à faculdade, sentiu-se ainda mais atormentado diante dos textos passados pelos professores. "Meu vocabulário era pobre." Apesar desse passado, ele se transformou, nesta semana, numa das estrelas da educação do Brasil - justamente por ajudar estudantes a gostar de ler. 

Desde 2005, ele dirige uma escola localizada numa das regiões mais pobres da cidade de São Paulo, que, na segunda-feira passada, apareceu em primeiro lugar entre os estabelecimentos da rede pública com 5º ano da capital, de acordo com o índice de educação (Ideb) divulgado pelo Ministério da Educação. Fato surpreendente, a escola ultrapassou, com folga, a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP, cercada de doutores e especialistas por todos os lados. Filho de analfabetos funcionais, Flávio teve pouca ajuda para enfrentar a dificuldade com a língua portuguesa. 

Persistiu e entrou numa faculdade de pedagogia. "Foi aí que vi o tamanho do meu atraso." Mas resolveu encarar o problema. Passou a ler tudo o que lhe caía nas mãos, sempre acompanhado de um dicionário. Aos poucos, aumentava sua capacidade de entender os textos e de escrever. Formado, seguiu carreira na rede pública de São Paulo. 

Em 2005, chegou a diretor da escola Rita Pinto de Araújo, no distrito de São Rafael, que, no topo da lista dos piores indicadores sociais de São Paulo, ostentava a 9ª maior taxa de analfabetismo funcional da cidade. (continua) 
 
(Gilberto Dimenstein)

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TRINTA E UM

Trinta e um centímetros é o que falta para a sangria da barragem "Jessé Pinto Freire", a conhecida barragem de Umari.