quinta-feira, 8 de julho de 2010

O MILAGRE DE SÃO RAFAEL II

Estabeleceu um contato permanente com os pais dos alunos e com a comunidade, manteve o prédio limpo e pintado. Mas a principal receita do sucesso foi investir no prazer dos livros. A sala de leitura virou um dos principais espaços para professores e alunos. "Tentamos trazer o aprendizado para o cotidiano." Isso inclui levar os alunos a estudar ciências não só nos livros mas também numa visita ao zoológico ou a um teatro, mas são raríssimas as chances de promover esses passeios. "A cidade pode ser uma fonte de encantamento no aprendizado." 

Nem sempre São Paulo foi sinônimo de encanto para Flávio. Ele veio de Mauá e foi morar na zona leste, perdido no trânsito, na correria e na violência da periferia. "Com o tempo, aprendi a lidar com o caos paulistano." Aprendeu tornando-se um aluno da cidade. De olho nas ofertas culturais gratuitas, ele frequenta museus, teatros, exposições, concertos, shows, cinemas. Uma vivência difícil para seus alunos, sem condições de bancar o transporte. Seu sonho, como educador, é que seus alunos, como ele, possam usar a cidade como uma sala de aula. 

PS- Flávio é uma prova do que vivo dizendo. Um dos melhores e mais baratos investimentos em educação é formar bons diretores de escola. Daí se fazem milagres como uma escola num bairro carente superar a Escola de Aplicação da USP, onde abundam talentos acadêmicos.

(Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo e comentarista da rádio CBN, é fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.)

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TRINTA E UM

Trinta e um centímetros é o que falta para a sangria da barragem "Jessé Pinto Freire", a conhecida barragem de Umari.