As festas de hoje, como a do carnaval, assemelham-se, em nível de desrespeito ao que é público, aos grandes comícios.
Ao ver os escombros da Praça Padre Adelino, na quarta-feira (22), lembrei-me de algo semelhante do passado. Quem tem em torno dos quarenta anos de idade e tem a memória mais ou menos boa, lembra-se das eleições de 1982.
Naquele ano, o eleitor sufragava seis votos: governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador. Foi o ano do voto vinculado e o voto camarão. Quem votasse no candidato a governador de tal partido, teria obrigatoriamente que votar nos demais candidatos da mesma sigla. Se deixasse de votar no governador, o voto caracteriza "camarão".
Como havia muitos candidatos, havia também muitos comícios. Também vivíamos a era dos showmícios e grandes passeatas, com ala-moças e coisa e tal.
Assim, o pisoteio era grande a ponto de os mais educados não resistirem a uma pisada nas plantas rasteiras da nossa praça local, que era a única daquele tempo.
Por infelicidade, a praça em questão tinha sido arborizada havia pouco tempo. Quando terminaram as eleições e apurações, dava dó a gente vê os galhos retorcidos e as plantinhas sufocadas, agredidas ou arrancadas.
O quadro dantesco daquele ano se repetiu agora, neste reinado desta semana. Não se repetiu com a mesma intensidade, mas ficou parecido. Uma pena das grandes. Daria para evitar se não houvesse cumplicidades do poder público e povão. A praça é cuidada durante os outros dias. No carnval pode ser pisada.
Se todos os citados acima estão de acordo, o que eu e mais umas boas centenas podem fazer e ficar a reclamar?
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