sábado, 26 de julho de 2008

MEMÓRIA

UM MÊS SEM LUIZ FÉLIX 

Na edição de nº 44 o Jornal de Upanema publicou uma matéria que mostrava o homem mais velho de Upanema, o Senhor Luiz Félix, com 103 anos (dezembro 2007). 

Hoje faz exatamente um mês que o velho nos deixou. A seguir, reproduzo trechos de sua conversa com a gente do JU: Nascimeto: 25 de dezembro de 1904. 

Durante aqueles anos, vinha plantar aqui. Vinha num jumento de Jucurutu e gastava um dia de viagem, chegando antes do sol se pôr. Trabalhava uma semana e voltava. Passou mais de dez anos nesse rojão. Tinha uma tropa de 5 burros. Plantava arroz e algodão. Plantava 4 quilos de milho. Plantava algodão e colhia 500 arrobas e vendia ao Major Segundo, que tinha uma máquina de descaroçar algodão a vapor. Das muitas histórias de Seu Luiz foi o fato de ter matado uma raposa com três facadas, por ter sido atacado. Ainda se lembra que se preveniu comendo uma cabeça de alho, para que não adoecesse da mordida do animal. Nunca estudou. O negócio dele era trabalhar no roçado. Na seca trabalhava no broque do mato. Quando era novo, cuidava de ovelhas e tirava leite de “suas vaquinhas”. Hoje não tem problemas de coluna, não toma remédio de qualidade nenhuma. “Não anda muito porque não deixamos,” diz Maria Chica, a parenta que cuidava dele. Adoeceu sem poder urinar. Ficou internado uns dias em Mossoró chegando a precisar ser colocado uma sonda, mas já tirou, pois teve uma melhora. Não podia ser operado por causa da idade. Contou ele que tomou um remédio em Mossoró que os beiços ficaram uma enfermidade só. Antes ouviu um zunzunzun de uma enfermeira que disse: “se esse velho não morrer...” Ele disse que escutou tudo. Elas pensavam que ele era mouco. A comida dele é carne. Passou mais de um ano sem comer feijão. “Por banana é pior que macaco”, diz Maria. Um dia pediu para comer feijão. Hoje come feijão com banana e carne, menos comer gorduroso e carne de porco, porque é carregado. Dorme todos os dias às seis. De manhã acorda às seis. Não toma mais café. Abusou. Só toma chá de hortelã. Recebeu uma pinta e aos poucos foi deitando as galinhas. Depois comprou uma polda e depois já possuía um lote. Conservava as vacas num curral, para não prejudicar a capoeira de algodão. Recebeu da mãe uma pisa, antes de morrer, por causa de uma traquinagem. Gosta muito de perfume. Depois de cada banho, diz: me dê o perfume!

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TRINTA E UM

Trinta e um centímetros é o que falta para a sangria da barragem "Jessé Pinto Freire", a conhecida barragem de Umari.