sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NOSSAS EXPRESSÕES

SÓ QUEM É POTIGUAR ENTENDE

Recebi um e-mail falando sobre as expressões do nosso querido Rio Grande do Norte. Como eu não conheço muitas cidades do nosso Estado, eu sou um ignorantão no que concerne a expressões que são faladas noutras regiões. 

Vou fazer algumas emendas e mudanças das frases abaixo, adaptando-as ao jeito de falar dos upanemenses: 

Gente alta é galalau: aqui gente alta não é galalau: é varapau, espigão. Se for alta e magra é macarrão. 

Botão de som é pitôco: aqui é botão de ligar. 

Se é muito miúdo é pixototinho: usamos as duas construções, acrescentado de miudinho. Se for resto é cotôco: resto é sobra também. 

Tudo que é bom é massa: massa é uma gíria que entrou há poucos anos. Tudo que é bom, é bom mesmo. É bom de engolir a língua. (Mesmo que ninguém ainda tenha engolido a língua porque uma coisa seja boa. 

Tudo que é ruim é peba: ruim é porqueira, mas também é peba. Tem até a história do homem que convidou um amigo para almoçar peba. O convidado ficou muito entusiasmado com o convite. Postos os pratos na mesa, só era feijão com arroz. O amigo logo protestou: você não disse que era peba? protestou o convidado. Sim, respondeu o anfitrião. Você quer um comer mais peba que este? 

Rir dos outros é mangar: Corretíssimo. Nunca ouvi alguém dizer "rir dos outros". Só dizemos "mangar" dos outros. Há regiões que mangar é encarnar. Eles até mangam de nós porque dizemos "mangar". E nós nem mangamos deles porque eles dizem encarnar. 

Faltar aula é gazear: Quando um aluno falta aula, pouca gente diz gazear. Dizemos que a pessoa faltou a aula, não foi pra escola etc. 

Quem é franzino (pequeno e magro) é xôxo: quem é franzino chamamos de magrinho, esqueleto humano, espirro não sei de quê etc. 

O Bobo se chama leso: Bobo é lesado, abestado, abestaiado. Algumas pessoas também usam o "leso". 

E o medroso se chama frouxo: Medroso é mole. Também é chamado de frouxo. 

Tá com raiva é invocado: Se tá com raiva, está zangado, enraivado, com o cão, com a mulesta, danado, espritado. Invocado é encabulado. 

Vai sair, diz vou chegar: Expressão idêntica. "Caba" (homem) sem dinheiro é liso: mais liso que um LP de Roberto Carlos. É o liso, leso e louco, que compra fiado e pede o troco. 

A moça nova é boyzinha: moça nova aqui é mocinha, garota, menina. Pernilongo é muriçoca: é muriçoca também. Ninguém chama de pernilongo. Só se vier alguém de fora. Aliás, ninguém aqui chama nem muriçoca. Elas vêm mesmo sem chamar. Há períodos aqui que não tem quem aguente. 

Chicote se chama açoite: chamamos pelos dois nomes. Também chamamos de ligeira, chibata. 

Quem entra sem licença emburaca: Usamos a mesma palavra. 

Sinal de espanto é "vôte": viche! também é outro jeito de espantarmos. Outros usam: "valei-me!" Tá de fogo, tá bicado: de fogo, bicado, encachaçado, triscado, melado, cego, bêbo, chei latindo, de porre, mamado. São expressões equivalentes. 

Pedaço de pedra é xêxo: Além de xêxo, usamos também tarisca. 

Quem não paga é xexêro: aqui quem não paga recebe o honroso nome de velhaco. No popular, é o famosíssimo "veaco". Trapaceiro, enganador, esquecido. Traduzindo: o que não paga a ser vivente. Tem até uma história: dois homens estavam próximos de um defunto já no caixão. Um era credor; o outro, devedor. O credor pergunta: cadê o dinheiro que me deve? O devedor responde: mandei por ele! Em seguida, aponta para o defunto. Por ele? Quem? Por fulano ali, responde o veaco, com a cara mais lisa do mundo. 

O mesquinho ou sovina é amarrado, muquirana, mão de vaca, ou pirangueiro: Nem muquirana nem pirangueiro são usados aqui. Dessa lista, só o sovina, amarrado e mão de vaca são sinônimos de mesquinho. 

Quem dá furo (não cumpre o prometido ou compromisso) é fulero: Quem não cumpre compromisso é uma pessoa sem palavra. Sujeira de olho é remela: Dizemos também remela. 

Gente insistente é pegajosa: insistente é teimosa. Catinga de suor é inhaca: Inhaca é qualquer catinga.

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