sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

CRÔNICA

 À janela

À janela é possível presenciar o mais presente que se desmancha em futuro em frações de segundos. Os invisíveis, como o vento, é força motriz para fazer balouçar árvores grandes e pequenas, ao longe e bem perto. Poeira que se solta do chão, mormaço que mormaça todos os dias pingados, são sentidos, se estamos à janela.

Olhamos o horizonte. Ah! Que beleza pura! Mesmo que aparentemente não seja dos mais belos, nuvens carrancudas, o horizonte não pode ser chamado de feio. Olho e vejo nuvens escuras, com pouco risco de claridão.

Há pássaros que rasgam os céus num vai e vem inquieto e com pios piados intermitentes. Outro risco no ar, branco, foi desenhado por outro pássaro, barulhento, que não canta, não pia, não se alimenta, nem bebe água, mas voa mais alto que os mais altos voos dos pássaros. O risco se dissipa aos poucos.

Um poste lá, da janela vejo. um que ainda clareia e já está perto de se apagar. Passou uma noite inteira espantando a escuridão e auxiliando os transeuntes a encontrarem o caminho.

Uma pessoa que vai encontra a outra que vem. Uma desabalada. a outra lenta, chicungunyada ou cansada mesmo.

Uma fumaça começa a se extinguir no ar, depois da tocação de fogo de um viciado em queimar gravetos. O dia vai chegando, num espante da madrugada e dando boas-vindas de um dia que chega, carregado de rotina e movimento.






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