O LUSTRE (Thiers Martins Moreira)
Entre os lustres, porém, havia o lustre (assim o chamavam) como se fora o único da casa. Todo de cristal translúcido, com centenas de pingentes e contas, saía de uma rosácea presa ao centro do teto de painéis cobertos de lona pintada, no salão nobre.
Durante anos, a impressão luminosa da casa foi comunicada por ele, que parecia conter todas as cores e brincar com os reflexos, como num jogo. Nas tardes claras, uma luz azul o envolvia, e de manhã, quando o sol entrava no salão, , os pingentes pareciam iluminar-se por dentro, lançando pelas paredes as mesmas cores do arco-íris. Ainda que inteiramente branco, transmitia a sensação de colorido luminoso, de fantasia de caleidoscópio, cores que se quebram e se reúnem em nova forma.
Quando o lustre se projetava no grande espelho oval que estava na parede dos fundos do salão, e mais ao longe se refletia também uma das janelas com a cortina de rendas entreaberta e depois a linha da sacada de ferro, tudo se dispunha como num quadro de que sua forma e brilho fossem o tema e o centro da composição.
Fidalgo das coisas, o Menino o considerava amo e senhor dos objetos.
VELHA ORTOGRAFIA - Algumas palavras do texto acima eram acentuadas. Qual a razão disso? É que o texto de onde tirei foi publicado em 1972 num livro didático de 5ª e 6ª séries primária organizado por Celso Cunha. Naquela época palavras como presa, ele, todas, jogo, cores, eram acentuadas. Não demorou para que elas perdessem o acento.
QUADRINHA POPULAR
Mais vale uma tosca palhoça,
Onde nela o riso mora,
Do que palácios dourados
Onde no ouro se chora.
(Do Manual de Português, Curso de Admissão - Celso Cunha)
ESCOLA QUE DÁ CERTO - Nos velhos tempos de escola, havia o Exame de Admissão para que o aluno entrasse no Ginásio. Como tudo, ou quase tudo nesse mundão há dois lados, o lado ruim da coisa era que o exame deixava alguns pelo caminho, pelo menos naquele ano. O lado bom da coisa era que a transposição da barreira já ensinava o aluno a enfrentar problemas na vida e incitava-o a estudar mais.
Os que estudassem mais, teriam um prêmio logo cedo: ir para outro nível de ensino, e ainda de quebra, mais preparado para enfrentar as dificuldades.
O que fizeram, então? Tiraram todas as barreiras, dando aprovação automática num nível de ensino, e o pagamento de matérias. Dessa maneira, nenhum estímulo houve para ninguém, mas tornou-os mal-acostumados e preguiçosos para o estudo.
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