Já faz seis anos que nos separam do professor Severino Ramos Martins de Moura. Sua morte ocorreu no dia 28 de agosto de 2002. Em vista disso, durante este mês, transcreverei alguns textos extraídos de sua obra póstuma. O primeiro é o texto que segue. É um conto que ele escreveu num de seus manuscritos, matéria-prima de sua obra. Parece ser uma história retirada da literatura oral ou simplesmente um texto de ficção engendrado por ele mesmo.
Certa vez em uma cidadezinha do interior chegara um circo. A expectativa era geral. A população ansiosa contava os minutos pra hora do espetáculo.
Como parte integrante do circo, contavam-se animais amestrados, acrobatas, bailarinas, mágicos e, entre eles, um palhaço.
Extremamente engraçado divertia o público com uma maestria sem igual. Todos riam a valer quando este entrava em cena. Entretanto, algo intrigava o público: depois da fazer rir a valer, sentindo que já havia cumprido seu papel, ele sentava no meio do palco e desatava a chorar. Ninguém entendia o fato e, muitos até riam imaginando ser mais uma brincadeira do palhaço.
Só que não era o choro, parte da peça, pois sua tristeza era imensa e, nesta hora ele sonhava com alguém que o fizesse rir.
Quando a população entendeu a sua dor, no final da apresentação do palhaço triste, todos cantavam, aplaudiam, enviavam das arquibancadas a retribuição a quem lhes divertia tanto.
E assim, ansioso por alguém que lhe fizesse feliz, o palhaço cada vez mais fazia o povo sorrir.
Percebendo o que podia existir por trás da máscara de um palhaço, a população entendera a uniformidade do sorriso e da lágrima.
(Doces recordações do meu passado, p. 106. De Severino Ramos Martins de Moura)
Como parte integrante do circo, contavam-se animais amestrados, acrobatas, bailarinas, mágicos e, entre eles, um palhaço.
Extremamente engraçado divertia o público com uma maestria sem igual. Todos riam a valer quando este entrava em cena. Entretanto, algo intrigava o público: depois da fazer rir a valer, sentindo que já havia cumprido seu papel, ele sentava no meio do palco e desatava a chorar. Ninguém entendia o fato e, muitos até riam imaginando ser mais uma brincadeira do palhaço.
Só que não era o choro, parte da peça, pois sua tristeza era imensa e, nesta hora ele sonhava com alguém que o fizesse rir.
Quando a população entendeu a sua dor, no final da apresentação do palhaço triste, todos cantavam, aplaudiam, enviavam das arquibancadas a retribuição a quem lhes divertia tanto.
E assim, ansioso por alguém que lhe fizesse feliz, o palhaço cada vez mais fazia o povo sorrir.
Percebendo o que podia existir por trás da máscara de um palhaço, a população entendera a uniformidade do sorriso e da lágrima.
(Doces recordações do meu passado, p. 106. De Severino Ramos Martins de Moura)
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