A UNIÃO FAZ A FORÇA - Trindade Coelho
Era uma vez um pai que tinha sete filhos.
Quando estava para morrer, chamou-os e disse-lhes assim:
- Filhos, já sei que não posso durar muito; mas, antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco, e mo traga aqui.
- Eu também? Perguntou o menor de todos, que tinha só quatro anos.
- Tu também, respondeu o pai mais pequeno. Saíram os sete filhos; e daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um seu vime seco. O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e entregou- o ao mais novinho, dizendo-lhe:
- Parte esse vime.
O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir. Depois, o pai entregou outro vime ao mesmo filho mais novo, e disse-lhe:
- Agora parte também esse.
O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi entregando, e não lhe custou nada parti-los Todos. Partido o último, o pai disse outra vez aos filhos:
- Agora, ide buscar outro vime e trazei-mo.
Os filhos tornaram a sair, e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com seu vime.
- Agora dai-mos cá, disse o pai.
E dos vimes todos fez um deixe, atando-os com um barbante. E voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:
- Toma este feixe! Parte-o!
O filho empregou quanta força tinha mas não foi capaz de partir o feixe.
- Não podes? Perguntou ele ao filho.
- Não, meu pai, não posso.
- E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.
Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.
O pai disse-lhes então:
- Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu, sem lhe custar nada, todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho de vós não pode parti-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: - Enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu, - e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade, ajudando- se sempre uns aos outros; e como nunca houve forças que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem.
MUNDO ANTIGO
Máquina de coser: "Dona Tatá está curvada sobre a máquina de coser". A máquina de costurar era um móvel muito comum, mesmo nas casas mais pobres. Servia como um instrumento do ganha-pão e para as costuras caseiras. Dona Tatá é personagem de "Clarissa", livro de Érico Veríssimo.
CADEIRA DE RODAS
Sentada na porta em sua cadeira de rodas ficava, é o primeiro verso de "Cadeira de rodas", de Fernando Mendes. Foi sucesso nos anos setenta, começo de carreira do cantor.
A "Cadeira de rodas" é cantada pelo meu colega de sala de aula, o meu inesquecível amigo Edilson Calixto. Não sei que ano foi, mas foi no concurso "A mais bela voz" da Rural de Mossoró.
Encontrei a cadeira de rodas outra vez em "Clarissa": "Tonico está na sua cadeira de rodas". Tonico é um menino doente. Clarissa vem fazer companhia e contar histórias, mas ele embirra e não quer ouvir.
RÁDIO
"Do outro lado, na casa rica, vem o som do rádio. Uma música saltitante." O trecho é de novo de "Clarissa". Em toda parte do Brasil, ter um rádio em casa era sinal de riqueza ou de vida mais ou menos aprumada. O ano de publicação do livro Érico foi 1933. No comecinho dos anos 70, eu muito criança, zona rural de Upanema, tinha um vizinho que possuía um rádio. Era o único da vizinhança e talvez tivesse outro por lá. O bom era que aos domingos, íamos pra lá ouvir as mensagens musicais da rádio rural de Caicó ou Mossoró. As "Mensagens musicais" eram pedidos que os ouvintes faziam e enviavam cartinhas para a rádio e ofereciam músicas, sejam para aniversariantes, amigos ou morados.
O vizinho remediado nos recebia bem e nos dava o prazer de ouvirmos as músicas do momento. Nem é necessário dizer que o rádio era ABC e movido a pilha. Seis ou oito Raiovac.
PESSOAS GORDAS
"Quatro crianças. Todas gordas, coradas, fortes, todas sãs." É na casa rica que Clarissa vê essas quatro crianças. Se uma pessoa era gorda, só poderia ser forte e sadia. Em contraste com a casa de Tonico e outros vizinhos que faltava tudo. As pessoas eram doentes, miseráveis a ponto de faltar até do que comer.
O mundo mudou radicalmente. Gordura quase sempre é sinal de doença. Dizer que alguém é gordo pode ser uma forma de xingá-la. Mundo velho sem porteira, diria o velho Lírio, do Tempo e o vento. Mundo velho virado e diferente.
VACINA OBRIGATÓRIA
O Congresso decretou estado de sítio por trinta dias e o governo mandou fechar a Escola (Escola Militar da Praia Vermelha), declarando-a extinta e criando a Escola de Guerra de Porto Alegre. (Enciclopédia Brasileira Globo, volume 12). O movimento denominado Revolta da Vacina irrompeu-se no Rio de Janeiro em 1904.
EXPRESSÃO DAQUI- Manso de matar de lenço.
HUMOR - O sujeito tentando explicar para o outro o que é um ladrão: - Imagina que eu meta a mão no seu bolso e puxo de lá cinco mil dólares. O que é que eu sou?
E outro, desanimado: - Só pode ser mágico!
POESIA
Distorção
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