segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

AO REDOR DA MESA

Uma bebedeira daquelas ao redor da mesa e todos em pé, são poucos os lugares que pratica-se isso e com toda a constância e levada a cabo de domingo a domingo.

Da bebedeira podem sair as conversas do dia, bem fresquinhas ou aquelas de ontem, anteontem ou requentadas de dias e meses. São conversas marteladas, repisadas, confrontadas através da eloquência ou falta dela. Nunca há gritos, mas palavrórios em alto som, que podem despertar vizinhos dorminhocos daquela hora do dia, já de sol sai não sai. Há quem chegue e saia logo, pois não aprecie a conversa ou não é bom conversador. Há uns caladões que são confundidos com o sábio do provérbio que diz que o tolo fala muito e o sábio cala.

O sapateado na pedra dura, dura alguns instantes, mais ou menos uma hora, entre todos os participantes, sem que sejam os mesmos durante todo o tempo. Um chega e dois saem. Ou ainda dois chegam e um pode sair para a labuta diária ou mesmo para não fazer nada. Uns saem para procurar outro ponto de chá ou café matinal.

E assim, aquele chá, regado por conversas rodam a mesa e somem no vácuo e têm como testemunha principal aquele objeto duro que ouve todos os dias quase as mesmas conversas.

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