A manhã do último dia do mês termina com um silêncio ensurdecedor. Mais tarde um galo rouco canta, espaçadamente. Parece um canto triste, sem convicção na garganta ao cantar. É um canto solitário também. Não há galos nem galinhas que emendem o coro daquela ave.
Aos poucos, como se estivesse aquecendo a garganta, diminui o espaçamento das cantadas. Aumenta o tempo do canto demorando mais alguns segundos ou décimos. O resto é silêncio.
Com alguns minutos, um outro galo, também rouco, responde não tão distante. Tempera a garganta e manda ver. É um canto mais grosso, forte e alto. Parece com mais convicção como se estivesse contente e com vontade de externar para os outros seus sentimentos.
Os dois param por um instante como se estivesse dando um tempo. Continuam cantando, sem pressa. A manhã já vem chegando. O clarão do sol ainda demora chegar. Alguns caminhantes já estão na pista ou nas ruas, enquanto outros dormem sono solto.
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