O TEIMOSO
Nunca vi uma gente tão teimosa como esse povo que diz récorde, em vez de recorde. A verdade é que muitas pessoas utilizam a língua pátria a torto e a direito sem importar com o que diz.
Como é notório, a palavra dicionarizada corretamente deve ser pronunciada como paroxítona, ou seja, com o acento prosódico na penúltima silaba, não na antepenúltima. Ou melhor esclarecendo, deve ser dito recorde e não récorde.
Pelo andor da carruagem estou convicto de que a frase atribuída a um nazista a qual dizia que uma mentira pronunciada mil vezes tornar-se-á uma verdade, tem um fundo de verdade. Foi assim com outras palavras da língua, que aos poucos se tornaram outras consagradas e aceitas pelo povo. “Cadê” consagrou-se e ninguém mais se lembra de “que é de?”
Eu ainda faço parte da resistência ao “récorde”. Mas já estou sentindo que dia mais dia perderei a batalha. Vi um certo dia num dicionário não muito tradicional que a palavra em questão estava acentuada. Fiquei um pouco desconcertado, mas serviu para que eu tomasse consciência que a língua evolui. Se as palavras nascem, crescem e procriam, elas poderão, se transformarem como os lagartos se transformam em borboletas. Por que não? Mas por enquanto, conclamo as pessoas do país inteiro a resistirem e escreverem recorde, enquanto o “lado de lá” não vence a questão.
Divulga a cultura e a linguagem da cidade, além de produção textual como contos, crônicas, poesias. Comento os fatos, conto histórias. Vez por outra posto notícias.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
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