terça-feira, 15 de janeiro de 2013

RUA FRANCISCO AGOSTINHO


O texto a seguir foi publicado no blog de papel Entretendo.

O primeiro texto sobre as ruas da cidade vai destacar a Rua Francisco Agostinho. Foi nela que vivi quase vinte anos. Então, já dá para destacar alguns aspectos, principalmente os históricos.
Antes de tudo, precisamos saber quem foi Francisco Agostinho. Infelizmente não conseguimos saber quem foi ele, visto que as pessoas que o conheceram ou dele ouviram falar ou morreram ou não sabem mais dizer. Soubemos que existiu um outro com o mesmo nome, mas era muito mais novo. Passo a refletir sobre as mudanças pelas quais passaram nossa rua. 
No ano de 1973, as casas eram diferentes: quase todas elas eram de barro. Só me recordo de duas de frente de alvenaria: a lá de casa e uma da esquina. No final dos anos 70, apareceu a cerâmica de Zé Reis e depois a de Seu Sebastião. Naquela época, o serviço na cerâmica era um dos poucos empregos certos por aqui. Outro destaque que dou à minha rua é a plantação da castanhola. Se não faço uma avaliação precipitada, era a árvore mais utilizada naquele tempo. Aliás, vale lembrar que até hoje, a Francisco Agostinho é uma rua muito bem arborizada, só que a algaroba tomou o lugar da castanhola. Há, pelo menos duas que são bem antigas: a de Seu Chico de Zé Lino, que tem exatamente 43 anos de idade. Outra bem velha é a da casa de Dona Cabôca, que chega perto disso. 
E o fruto da castanhola? Havia meninos que comiam com gosto. Eu nunca comi, mas vi muitas vezes os meninos atacando os pés lá de casa, sob os protestos do velho, que os enxotava porque os meninos faziam muito barulho e sujavam também. Um fato histórico que passa despercebido da mente de muitas pessoas é a primeira e única caprifeira upanemense. Ela foi realizada de 21 a 23 de setembro de 2002. O local do evento foi na antiga cerâmica, na Rua Francisco Agostinho. Estimava-se que lá havia em torno de mil cabeças de animais do gênero. Lembro-me que fui lá ver os bichos, mas não entendi nada do que estava presenciando. Entendia o tanto que sei de Bolsa de Valores e carros. O tempo passou e a rua se desenvolveu. Com o programa de calçamento do governo Jorge Luiz, o benefício chegou somente no seu segundo mandato, entre 2005 e 2008. 
Como dizia no começo do texto, as casas eram na maioria de barro. Depois, com o tempo, as condições financeiras foram melhorando e os programas de governo, seja municipal, estadual ou federal alcançaram algumas famílias. O resultado é que o cenário hoje é bem diferente. No passado também tínhamos o prazer de ver as pessoas do centro virem olhar o rio quando ficava de barreira a barreira. Era uma visita certa. Hoje não se vê mais isso, mas muitas pessoas ainda passam para ver a passagem molhada, quando as águas do rio se avolumam. A rua mudou a ponto de não ser mais reconhecida por quem não anda mais ali há trinta ou mais anos.

Nenhum comentário:

DOMINGO

VALOR PELAS COISAS VELHAS O que constatamos é que as coisas ou pessoas velhas são desprezadas.  Quem dá valor a um carro velho? E se der o p...