O texto a seguir foi publicado no blog de papel Entretendo.
O
primeiro texto sobre as ruas da cidade vai destacar a Rua Francisco Agostinho.
Foi nela que vivi quase vinte anos. Então, já dá para destacar alguns aspectos,
principalmente os históricos.
Antes de tudo,
precisamos saber quem foi Francisco Agostinho. Infelizmente não conseguimos
saber quem foi ele, visto que as pessoas que o conheceram ou dele ouviram falar
ou morreram ou não sabem mais dizer. Soubemos que existiu um outro com o mesmo
nome, mas era muito mais novo. Passo a refletir sobre as mudanças pelas
quais passaram nossa rua.
No ano de 1973, as casas eram diferentes: quase todas
elas eram de barro. Só me recordo de duas de frente de alvenaria: a
lá de casa e uma da esquina. No final dos anos 70, apareceu a cerâmica de Zé
Reis e depois a de Seu Sebastião. Naquela época, o serviço na cerâmica era um dos
poucos empregos certos por aqui. Outro destaque que dou à minha rua é a
plantação da castanhola. Se não faço uma
avaliação precipitada, era a árvore mais utilizada naquele tempo. Aliás, vale
lembrar que até hoje, a Francisco Agostinho é uma rua muito bem arborizada, só
que a algaroba tomou o lugar da castanhola. Há, pelo menos duas que são bem
antigas: a de Seu Chico de Zé Lino, que tem exatamente 43 anos de idade. Outra
bem velha é a da casa de Dona Cabôca, que chega perto disso.
E o fruto da castanhola? Havia meninos que comiam
com gosto. Eu nunca comi, mas vi muitas vezes os meninos atacando os pés lá de
casa, sob os protestos do velho, que os enxotava porque os meninos faziam muito
barulho e sujavam também. Um fato
histórico que passa despercebido da mente de muitas pessoas é a primeira e única caprifeira upanemense. Ela foi realizada
de 21 a 23 de setembro de 2002. O local do evento foi na antiga cerâmica, na
Rua Francisco Agostinho. Estimava-se que lá havia em torno de mil cabeças de
animais do gênero. Lembro-me que fui lá ver os bichos, mas não entendi nada do
que estava presenciando. Entendia o tanto que sei de Bolsa de Valores e carros.
O tempo passou e a rua se desenvolveu. Com o programa de calçamento do governo
Jorge Luiz, o benefício chegou somente no seu segundo mandato, entre 2005 e
2008.
Como dizia no começo do texto, as casas eram na maioria de barro. Depois,
com o tempo, as condições financeiras foram melhorando e os programas de
governo, seja municipal, estadual ou federal alcançaram algumas famílias. O
resultado é que o cenário hoje é bem diferente. No passado também tínhamos o
prazer de ver as pessoas do centro virem olhar o rio quando ficava de barreira
a barreira. Era uma visita certa. Hoje não se vê mais isso, mas muitas pessoas
ainda passam para ver a passagem molhada, quando as águas do rio se avolumam. A
rua mudou a ponto de não ser mais reconhecida por quem não anda mais ali há
trinta ou mais anos.
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