Madrugada no sertão (Visconde de Taunay)
Eis que, aos poucos, lá para as bandas do oriente, clareia um cantinho do céu. Branqueja, mais e mais, qual se, a subir da terra, fora lentamente desdobrando-se adelgaçado véu de gaza branca.
Passam-se largos minutos.
Depois, nesse fundo alvadio que se tinge de duvidoso rosicler, acende-se a medo uma riscazinha vermelha, que se alonga mais do que se alarga. Paralela a esta, rompe, dali a pouco, outra já mais extensa e afogueada, instantes após, terceira, essa então abraseada como linha de fogo.
São as barras do dia.
De novo sopra com vivacidade a brisa, que fora gradualmente morrendo; mas vem agora mais quente, com um hálito perfumado de brando calor.
Nessa hora de misterioso lusco-fusco é que se ouve, de quando em quando, um baque sonoro, acompanhado de estridente grita cromática. É o canto das anhumapocas, que, na margem dos rios ou à beira dos alagadiços, anuncia o alvorecer e acorda as aracuãs pousadas nos ribeirinhos. Ergue-se também o alarido mais forte dos quero-queros, cujos alvos bandos giram vertiginosamente sobre as águs correntes.
De manso, porém, se vai difundindo a claridade pelo firmamento além...
Na terra burburinha o ruído da vida. Doce orvalho banha as plantinhas dos vales, zumbe um mundo de insetos, e nos ramos dos arbustos a passarinhada miúda - coleiros, canários-da-terra, serra-serras, azulões, lavadeiras, pintassilgos, bicudos, tico-ticos e tiés - chilra baixinho, ainda tonta de sono e como a sonhar...
CHUVA DE ONTEM - 3mm. A primeira de março por aqui.
CHUVA EM 2022- Segundo o professor de Meteorologia e Climatologia da Universidade Federal Rural do semiárido, José Spínola Sobrinho, as precipitações de chuva para a nossa região geralmente ocorrem entre os meses de março e abril, e findando em maio.
QUEM PLANTA EM JANEIRO - E quem planta em janeiro, perde em fevereiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário