O massapê (Gilberto Freyre)
O massapê é acomodatício. É uma terra doce ainda hoje. Não tem aquele ranger da areia dos sertões que parece repelir a bota do europeu e o pé do africano, a pata do boi e o casco do cavalo, a raiz da mangueira-da-índia e o broto da cana, com o mesmo enjoo de quem repelisse uma afronta ou uma intrusão. A doçura das terras de massapê contrasta com o ranger da raiva terrível das areias secas dos sertões.
O massapê não vai ao extremo da terra de mangue, que quase não é terra, de tão melada, de tão mole e indecisa, deixando que nela a água apodreça os matos e as raízes. Nem ao excesso do barro tauá, nos dias de chuva capaz de engolir balduínas, de sorver comboios inteiros.
O massapê tem outra resistência e outra nobreza. Tem profundidade. É terra doce sem deixar de ser terra firme: o bastante para que nela se construa com solidez engenho, casa e capela.
Nessas manchas de terra pegajenta foi possível fundar a civilização moderna mais cheia de qualidades, de permanência e ao mesmo tempo de plasticidade que já se fundou nos trópicos. A riqueza do solo era profunda: as gerações de senhores de engenho podiam suceder-se no mesmo engenho; fortalecer-se; criar raízes em casas de pedra-e-cal; não era preciso o nomadismo agrário que se praticou noutras terras, onde o solo menos fértil, esgotado logo pela monocultura, fez do agricultor quase um cigano, sempre à procura de terra virgem. (Manual de Português - Celso Cunha)
HUMOR - E tem o coroa que vai ao médico e se queixa de fortes dores no pé direito. O médico examina e diagnostica:
- É um tipo de sintoma de velhice.
- Engraçado! O pé esquerdo tem a mesma idade e não dói.
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