Uma história parecida com conto e crônica. Um texto mais adequado para o primeiro de abril. Alguém me contou, já viu! Botei aqui pra vocês.
Ser juiz de futebol de várzea é uma tarefa difícil e para corajosos.
As partidas, muitas vezes os atletas jogam descalços e sem camisa. Ou um time de camisa e outro sem.
Numa dessas partidas, os times estavam formados. Não era necessário bandeirinha, mas juiz, sim. Quem iria apitar o jogo? Alguém que estava no campo e deixaria a condição de atleta para ser juiz? Ninguém queria.
Alguém que estava fora do campo, como espectador, também não apareceu um, apesar dos oferecimentos e adulações. Ninguém queria, pois achavam uma tarefa complicada, dadas as confusões que aparecem, com brigas de boca e até socos e empurrões. Ninguém respeita a autoridade de juiz de várzea, a não ser que o apitador seja muito bravo para botar moral.
Foi aí que apareceu meu personagem, que também atuava como goleiro em outras partidas. E goleiro corajoso, segundo testemunhas. Muitas vezes não abria nem pra o trem. A bola vinha e ele a abraçava ou socava para longe. Uma vez a bola chutada por um bom chutador o deixou zonzo e com a cabeça ardendo. Mas a bola não passou, disse ele depois. Ficou inconsciente no chão e deixou o chutador preocupado por um instante.
Naquele dia, ao chegar no campo, foi logo convidado para apitar a partida. Prontamente aceitou. Porém faltava o apito.
Onde arranjaria um apito? Lembrou-se um vizinho próximo, caçador de aves. Foi lá e logo arranjou um daqueles apitos que chamam nambu. Não tendo outro de plástico, convencional, aquele servia, pensou ele.
E assim, foi para o campo e deu pontapé à partida. E foi apitando, apitando e apitando. Quando deu fé... O leitor já deve ter percebido o que aconteceu de estranho e ao mesmo tempo lógico: uma invasão de um bando de nambus daquele tamanho no campo. Foi preciso parar a partida por falta de condições. Os bichos não deixavam os jogadores continuarem a partida.
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