O sol pode não estar dando sinais de que vem, mas virá e não tardará.
Ainda está cedo. Não há e não pode haver vexame, tanta pressa para que o sol saia, dê as caras com seu brilho fuzilante e sua quentura, muito quentura, quentura até que chega a quenturante.
Ele chegará altivo, sereno, no ritmo normalíssimo de todos os dias. Escondido está, tão distante, mas aparentando perto.
Agora seu brilho dá sinais, ainda ofuscado entre as grossas nuvens dessa manhã cinzenta, de frios leves, de pios distantes, de poeiras oriundas de terrenos não calçados. Lá longe é que se pode ver um pontinho, uma coisa que ainda não chega a coisa mesmo.
Agora mais perto se vê que ele começa a rasgar uma nuvem mais fina e mais outra, e mais outra, e mais outra.
Num piscar de olhos, já se pode ver um projeto de sol no horizonte, perfil de beleza natural.
Não tarda a sair de seu ninho para brilhar e incomodar os incomodados com o calor da manhã depois das nove.
Não queria que ele saísse para que aplacasse o frio que castigava a pele e a torturava a ponto de não mais suportar?
E o sol chega, abre-se para o universo, e brilha, e esquenta, e clareia com clarão radiante, e anuncia a chegada de um novo dia. Serve também sua chegada como símbolo de mais uma porção de tempo que se esvai e ninguém neste mundo, por mais adiantado em poder, em sapiência, em desenvoltura, em descolagem, em prafrentagem tem a capacidade de segurá-lo ou fazê-lo repetir.
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