segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

DUAS RAIA

Uma das histórias da minha infância que guardo na lembrança é sobre um rádio. Um rádio comum. Um rádio de pilha, médio.

Um senhor da rua onde eu morava, a Francisco Agostinho, próxima ao rio da cidade, sai para comprar um radinho de pilha. Chegou na Jerônimo Variedades, de Antônio Jerônimo, escolhe um aparelhinho daqueles, paga e depois leva pra casa. Era muito fácil de manusear. Era só botar as pilhas e depois ligar para escutar seus programas preferidos.

Naquela época estava no auge o Juarez do Xerém, na rádio Rural, ou Seu Mané, na mesma emissora. O velho chegar em casa, animado. Liga o rádio. Até aí foi fácil. Difícil foi a sintonia. Mexeu pra um lado e pra outro. Como sabem, ao anoitecer, em razão de haver tantas rádios AM’s, até parece que elas estão querendo tomar o lugar das outras. A gente consegue escutar mais de uma ao mesmo tempo. Foi nesse contexto que o velho estava. Não contou conversa. Foi lá em casa pedir ajuda.

Um dos meus irmãos tentou explicar a ele que aquilo era normal. “As rádios são assim mesmo, seu Manuel”, dissemos. “Onde já se viu um raio pegar duas raia?” disse o velho. Traduzindo: onde já se viu um rádio pegar duas rádios? Logo entendemos o que ele queria dizer. No fim de tudo, sei que não convencemos o velho de que aquilo era assim mesmo.

Não teve jeito: o velho voltou lá em Antônio para trocar o rádio. Só não sei se ele trocou ou se conseguiu dobrar sua teimosia e levar o rádio de volta pra casa.

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