domingo, 18 de novembro de 2012

HOJE É DIA DE HISTÓRIAS

Já que o meu repertório de histórias está se esvaziando, vou mexer no velho baú das minhas lembranças para recordar fatos da minha meninice. Entre eles, pinta uma ou mais histórias.

Recordarei fatos que se passaram na Lagoa Seca, zona rural do município, pouco menos de duas léguas, como quem vai para Açu.

Morei lá cerca de dois anos. Vivi um pedaço da minha criancice, entre 1970 e 1971. É de lá que tiro histórias de assombração, de seca, de rádio, carregamento d'água em galão, carro-pipa, etc.

Quando vejo um rádio moderno, cinco em um, cheio de altas tecnologias, lembro-me um rádio tipo ABC, grande, moderno para aquele tempo.

Manezeira era o seu proprietário. Naquele tempo, quem tinha um rádio daqueles era tido como rico, moderno, atual. Um rádio daquele era a única fonte que captava notícias em tempo real e tocava as músicas do momento. Não tínhamos TV nem qualquer outro meio de comunicação.

Pela noite, nada havia de novo. Cedo, todos iam para a rede, pois não tinha o que fazer, ouvir ou olhar. O máximo que teríamos era um contador de histórias, que podia ser o próprio pai de família ou um inventador de histórias tido como mentiroso. As histórias eram principalmente de assombração. Muitas vezes o próprio contador dizia ter se passado com ele. Às mães cabia contar historinhas infantis ou histórias da bíblia.

Depois da contação de histórias, lepo na rede, por causa do cansaço. O pai de família, porque estava cansado do trabalho; os meninos, por causa das peraltices do dia ou mesmo por causa do trabalho em casa ou com o pai.

Depois de todo aquele arrodeio, volto ao rádio novo de Manezeira.

Com a minha pouca idade, ainda  me lembro que o dono do rádio saía ainda cedo da noite  - depois das seis - com uns amigos, estrada afora, com o raidão preso a um fio e na ponta uma grande vara que servia como antena.

Era um espetáculo aquela cena quase todas as noites. Os personagens eram na maioria homens solteiros. Uma mulher podia pintar, mas era raro.

Outras cenas ainda estão vivas na memória. Deixarei para outras blogagens.    

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PROVÉRBIO

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