domingo, 9 de dezembro de 2012

DOIS LADOS DESSE MUNDO

Milhares de crianças todos os dias formam seus formigueiros, uma mente cheia de imaginação. O pai, com dureza, a mãe com carisma. Um futuro que se tentam construir, uma aula que promete ser inesquecível, imaginação, fantasia, tristeza, desencontro promete ser existente. Minha mãe contava suas histórias. A seca que matou muitos nordestinos. 

O pai muito cedo levava seus filhos para sentir o peso da enxada, os calos que nasceram do trabalho e miséria. Enquanto outras crianças muito cedo ganhavam uma máquina de datilografia, andavam nas charretes desconfortáveis, não sabiam o que era perda, muito menos passar fome, viam os pais muito autoritários com seus empregados, e logo mandavam os filhos para Lisboa estudar Medicina ou Direito.  Enquanto o menino que não soube o que era infância e nunca tinha festas de aniversário, mas a comemoração era a chuva. Quando ela vinha, a festa estava feita: canjica, pamonha, milho assado, o leite. A fartura era essa. Esse mundo não era nada rejeitado para esse povo. No fim de ano, a mãe pobre não comprova roupas novas, dinheiro era raro, aproveitavam os sacos de algodão para fazer o tão vestido esperado. 

E assim ia para a missa, a moça sorridente, o brilho se estampava sobre si, e outras mocinhas usavam vestidos de chita, isso quando a situação era melhor. No outro lado, as moças encomendavam seus vestidos a uma costureira que era muito caro. Viajavam para o estrangeiro com a família e escolhia onde iria. As moças logo cedo ficavam frustradas, depressivas, estressadas, não escolhiam seus maridos. Os pais eram severos e as moças casariam com rapazes do mesmo nível. As sertanejas pés-rachados, queimados do sol – o bronze era esse – não tinham dinheiro sempre, não casavam com rapazes ricos. Elas eram humildes, iam com suas irmãs para o rio lavar as simples roupas. Muitas delas eram lindas, mas a sociedade não as via como uma moça, porque eram pobres. O mundo evoluiu, a ganância só aumentou, e o povo condena o Nordeste. 

O preconceito só fez aumentar com o passar dos anos, assim como essas duas  classes vêm se confrontando. A esperança é que um dia todas as classes não sejam divididas e sim, que o pobre entre e saia onde quiser, sendo respeitado, e o rico aprenda que é essa classe que o enriquece e que a humildade um dia prevaleça. Não podemos viver sem o Nordeste, assim como não podemos viver sem o Sudeste.

(Aline Mendonça, aluna do 2ª série B, do Ensino Médio do Calazans Freire)

Um comentário:

Régia Gondim disse...

Aline você narrou exatamento como foi e como é que eram as coisas.até parace que você viveu essa época.gostei.Parabéns.Régia Mendonça Gondim.

TRINTA E UM

Trinta e um centímetros é o que falta para a sangria da barragem "Jessé Pinto Freire", a conhecida barragem de Umari.