domingo, 22 de novembro de 2020

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

TEXTOS ANTIGOS - Adesão - Stanislaw Ponte Preta

Diz que era um camarada que ia viajando num trem, no interior de São Paulo. Ia para a sua cidade, para visitar os parentes. No vagão em que viajava, iam também os componentes de uma chatíssima embaixada futebolística. Iam aos berros, alegres, comunicativos e, pelo que o homem pôde ouvir, vinham de uma cidade próxima, onde venceram um jogo pelo escore de 3x2, ganhando com isso uma taça de péssimo gosto, a qual - de vez em quando - enchiam de cerveja e bebiam fartamente, como faziam os nababos de outros tempos. 

O homem vinha imaginando essas coisas, quando um dos jogadores, ao passar rumo ao banheiro, derramou cerveja em sua calça. O homem ficou muito furioso e levantou-se, para ver se dava um jeito de enxugar. Passou à frente do jogador, entrou no banheiro e trancou a porta. Depois tirou a calça, esfregou um lenço e pendurou na janela, para acabar de secar. Foi aí que deu galho, isto é, numa árvore à beira da estrada de ferro ficou presa a calça a balançar, como a lhe dar adeus. 

O homem ficou no banheiro abilolado. A próxima cidade era a sua cidade, mas como desembarcar nela sem calça? E estava chateadíssimo, quando percebeu que o trem ia parar. Abriu a janelinha, desconsolado, no justo momento em que o comboio parava. E foi então que percebeu: o time de futebol ia desembarcar também ali, na sua cidade. O homem não conversou. Num instantinho tirou o paletó e a gravata, vestiu a camisa ao contrário, dando a impressão àqueles que o vissem de frente que era a camisa de um goleiro, e desembarcou no meio dos jogadores, a berrar: e a 2! 3 a 2! - Depois correu e entrou num táxi. 

HUMOR

- Você é capaz de guardar um segredo?
- Claro, afinal amigos são para essas coisas.
- Eu preciso de mil reais.
- Pode ficar tranquilo. Vou fazer de conta que nem ouvi.

DITADOS DAQUI 

- Mais perdido que cego em tiroteio.
- Mais quebrado que arroz de terceira.

PODER - Câmara de vereadores - "Em defesa do bem comum, a Câmara se pronunciará sobre qualquer assunto de interesse público." (Artigo 21, parágrafo 2° da lei  orgânica do município de Upanema)

ORIGEM DA PALAVRA - Cavanhaque: tipo de barba, usada por um general francês de nome Cavaignac. (Dicionário da origem e da evolução das palavras - Luiz A. P. Vitória).

POESIA - O eloquente

O eloquente
Em muitos momentos
Pode enlouquecer
Na loquacidade
Ou no que não consegue
Bem dizer.

As palavras enfeitadas
De belos enfeites
Se desvanecem
Perdem a cor
Quando bem dissecadas
Descobrem seu verdadeiro teor.

É desacreditada
Se bem observada
Desde o mais simples substantivo
Ou verbo bem verbalizado
Sua essência será desnudada
E a todos revelado.

Quem eloqua com muita eloquência
Colhe seus frutos e recolhe-os
Mas necessita de consistência
Necessita de autenticidade
Para que consiga
Digna sobrevivência.
 

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