Alfenim
Massa branca de açúcar; pessoa delicada, melindrosa. (Silveira Bueno)
Sujeito dengoso. Afetado. Maneiroso. Tipo de doce feito nos engenhos de moer cana, puxado com as mãos que são polvilhados numa bacia de goma seca. Daí também chamar-se de puxa-puxa. (Luiz da Câmara Cascudo em Folclore da Alimentação - Citado por Raimundo Nonato em Calepino Potiguar)
Massa de açúcar muito branca, a que se dá ponto especial. Pessoa delicada, melindrosa. (Aurélio)
Massa de açúcar seca, muito alva, vendida em forma de flores, animais, sapatos, cachimbos, peixes, etc. Do árabe al-fenie (Morais) valendo alvo, branco. Os árabes trouxeram-no para a Península Ibérica, onde se divulgou. - "Oh meu rosto de alfeni!" diz Gil Vicente no Velho da Horta;
"Minha alma he tudo alfeni," canta Antônio Prestes no Auto do Desembargador. Sinônimo de delicado, melindroso, grã-fino, afeminado. Muito antes do séc. XVI o alfenim era tradicional. Acompanhava, numa salva de prata, a festa do Espírito Santo, na antiga nobreza portuguesa. Frei Gaspar Frutuoso (Saudades da Terra) conta que um donatário da ilha da Madeira enviou a Roma um seu fidalgo para "visitar o Papa com hum grande serviço, indo o Sacro Palacio todo feito de açúcar, e os Cardeais de alfenim, da estatura de hum homem." Em Portugal o alfenim foi doce de abadessados, subido à aristocracia do paladar, aparecendo na festa das "grades" e sendo oferecido nos tabuleiros de xarão aos príncipes e ministros. É também doce de romarias, inseparáveis dos arraiais. No Brasil é gulodice democrática, exposto ao público em todas as festas religiosas e vendido nas ruas, em todas as cidades do litoral e do interior, no Nordeste. As flores e figurinhas que enfeitavam os complicados bolos-de-noiva e outros com pretensões artísticas eram feitas em ponto de alfenim. (Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo)
O alfenim, ou alfeni, é produto mais conhecido por nós que temos mais de cinquenta anos. A geração jovem pouco sabe dessa iguaria doce.
A pronúncia dessa palavra entre nós é alfinim.
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