A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre.
O capítulo da "Fuga" de Fabiano, um dos personagens de "Vidas Secas", grandiosa obra de Graciliano Ramos, retrata um cenário bastante peculiar de uma seca, lá onde seja.
Não é o quadro que ocorre frequentemente no atual Nordeste. A falta de chuva que temos, não afeta o povo como outrora. O socorro dos governos faz a diferença, além da estrutura hídrica - açudes grandes e pequenos - adiam a agudeza de uma seca prolongada.
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