domingo, 13 de setembro de 2009

HISTÓRIAS DE DOMINGO

MEMÓRIAS DO PAI

Guardo muitas histórias do velho pai. Neste momento lembro-me das vezes que ele acordava bem cedinho, fazia um pote de café. Êpa! Uma paradinha para explicar aos mais novos o que significa “fazer um pote de café”.

No meu tempo de menino as pessoas não usavam as modernas garrafas. Antes dessas, usavam bules. (Aquilo que alguns chamam “builes).

Naquela época as pessoas botavam o café dentro de um objeto de barro, que chamávamos de pote. Era um potinho de barro. Num desses recipientes o velho enchia de café e depois tomava quase todo. Em seguida ia para a “vage” bater tijolo. O local da olaria era na terra de Seu Lino Pimenta, do outro lado do rio.

Naquele tempo ainda havia a coalhada com cuscuz e rapadura. O cuscuz era moído num moinho caseiro. “Moído” era simplesmente o particípio do verbo moer. Hoje um moído significa um boato, um fuxico, uma conversa jogada fora, ou ainda: quando reclamamos de um mal feito de um aluno, ele diz: deixa de moído! Ele nem sabe que antigamente quem era moído era o milho no moinho.

Hoje estamos nos tempos do iogurte, que muitas vezes confundimos com orkut. Do tijolo manual produzido na várzea eu remeto ao tijolo industrial produzido na cerâmica de Seu Sebastião, Oton e Zé Reis. Mas isso já é assunto para outra edição.

Fonte: Jornal de Upanema - agosto - 2009

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AGORA FALTAM VINTE E DOIS

Ainda faltam vinte e dois centímetros para o transbordamento das águas da barragem de Umari. Tem sido uma luta medonha a sangria daquela bar...