domingo, 30 de outubro de 2011

UMA REUNIÃO NOS CONJUNTOS

Numa dessas campanhas políticas para prefeito e vereador, estavam querendo fabricar um candidato para um grupo acolá. Quase todas as noites, havia reuniões para encontrarem o dito candidato. Naquela época nem se cogitava uma candidata. Havia noite que a reunião era na zona rural, próxima. Outra noite, a reunião se dava no centro da cidade ou em qualquer ponto afastado. 

O certo é que era uma reunião de assembleia seleta. Para quem não sabe o que significa seleta, nem precisa ir ao dicionário. Seleto: escolhido, excelente, selecionado. Traduzindo: privilegiados e escolhidos a dedo pelos líderes. Foi nesse contexto, que apareceu um sujeito metido e curioso, que queria saber de tudo que se passava na escolha dos candidatos. Quando havia uma reunião, ele especulava e lá estava ele, dando pitacos, para depois encher na rua. No meio dessa coisa toda, um outro cara arranjou uma maneira de despistá-lo: “Rapaz, está acontecendo nesse momento uma reunião lá nos conjuntos. Corra logo, senão você perde!” Não é que ele foi na conversa e se meteu numa bicicleta velha, com o dedo no ouvido.

Foi naquele tempo em que Upanema ainda não tinha calçamento até os conjuntos. Na carreira, meus amigos, ele teve a infelicidade de passar num trecho em que tinham colocado uns paus, como quebra-mole. Ele partiu cego de vontade de chegar logo. Não deu outra. Meteu o pneu da frente nos paus e foi ao chão. Todo desorientado, levantou-se. Pena que não sei o fim da história. É provável que ele não tenha mais acertado o caminho dos conjuntos. E também é provável que ele não tenha mais ido atrás de conversas políticas de cabos eleitorais. 

Em tempo: a dita reunião estava ocorrendo bem no centro da cidade, nas suas barbas. Foi um daqueles melas que dávamos quando brincávamos na época de criança.  

(Jo Jornal de Upanema, 80ª edição) 

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PROVÉRBIO

A candeia morta e a gaita à porta.