domingo, 10 de janeiro de 2021

ENTRETENDO - EDIÇÃO DE DOMINGO

CRÔNICA

Tomou o último gole de café torrado que  o pai havia comprado na bodega de seu Manuel. O cuscuz entre os dentes não queria sair. Enxaguou a boca, botou o pequeno caderno debaixo do braço, o lápis e a borracha na mão.
Saiu em direção do colégio, passos largos, pois ainda precisava passar na casa do coleguinha. Chegou lá logo e saíram para a escola. Livrou-se de uma rua mais reta por causa de uns meninos levados que arengavam quando eles passavam ali. Chegou na escola e entrou na fila de sua turma. Como era quinta-feira, o hino  nacional seria cantado. Ainda em fila, depois de cantado o hino, foram para a sala. A professora fez a chamada e mandou que todos abrissem o livro de português para estudar a lição do dia. "As caçadas de Pedrinho" era a história que passaram a ler. A professora aguardou que todos lessem silenciosamente para proceder a leitura oral. Um por um leu passagens do texto. Bateu o intervalo. Todos para o pátio. O menino  do começo da história resolve antecipar a volta da aula. 
Já no meio do caminho, é alcançado por alguns meninos desocupados que tinham faltado à aula. Resolveram bater nele com força e sem piedade. Era um acerto de contas de algumas arengas de algumas semanas. 
Depois de apanhar, foi para casa apanhar de novo. A mãe soubera pela boca do próprio. É que foi obrigado a dizer que tinha voltado da aula fora de tempo e apanhara dos meninos. Lição aprendida!
Nunca mais gazeou aula.

TEXTOS ANTIGOS

A história do pão-duro

- Olha o "Pão-duro"! Ali vai o "Pão-duro"!
Era assim que a turma de Mário passara a chamá-lo, primeiro uns, depois outros e, por fim, a turma toda. Ninguém sabia como havia começado, isto é, ninguém não, porque Pedro sabia. Fora ele mesmo que o apelidara.
Mário levava sempre muito dinheiro para a Escola e, entretanto, não comprava doces nem merenda, escrevia em papel-lousa ou em caderno dados pela professora e, se não fosse a Caixa Escolar, até hoje ainda estaria indo de tamancos! Pedro, que se sentava a seu lado, diariamente via Mário contando dinheiro ou descobria a pontinha de uma nota no bolso da blusa. Era mesmo um "Pão-duro"!
Mário, entretanto, sofria com o apelido.
A princípio, julgou melhor não dar importância, mas o apelido foi-se generalizando e, certo dia, até um menino de outra turma o chamara de "Pão-duro".
Resolveu, então, queixar-se à professora. À hora do recreio, aproximou-se de D. Elza e narrou-lhe tudo, com lágrimas nos olhos.
Quando os alunos voltaram do recreio, a professora chamou-lhes a atenção para a maneira indelicada como tratavam o Mário.
- Não era bonito, disse ela, pôr apelido nos colegas! Além disso, Mário era um menino tão pobre, que de maneira alguma poderia ser um "Pão-duro"!
Pedro protestou:
- Ah! D. Elza, ele não é tão pobre assim! Pergunte-lhe só quanto trouxe hoje.
- Esse dinheiro, D. Elza, contraveio Mário com voz tímida, é da minha vizinha. Na volta da escola sempre levo suas compras; sou pago para isso.
E, um pouco mais baixo e muito vermelho, continuou:
- Preciso trabalhar, pois minha mãe está doente.
- Não é motivo para você se envergonhar, meu filho. Seus colegas, sim, é que devem estar arrependidos da triste figura que fizeram.
Pedro falou em nome da turma:
- Perdoe-nos, Mário! procuraremos reparar o nosso erro. (Infância Brasileira, Terceira Série)

LÍNGUA CERTA

Pseudo-cientista. Se for feminino, não será uma pseuda-cientista, pois pseudo é prefixo, palavra invariável. Não cabe a flexão.

TEMPO ANTIGO

Lamparinas, cadeira de balanço e escravos - "As lamparinas ardiam na sala grande da casa da estância e, sentado na sua cadeira de balanço, com um pretinho escravo a descalçar-lhe as botas, Ricardo Amaral começou: 
- O governador me deu uma audiência... (O tempo e o vento, Érico Veríssimo)
O contexto fala de uma época bem remota. Uma lamparina era comum naquela época. Até os anos oitenta do século passado ainda havia lamparina em muitas casas.  Em poucas casas havia a energia elétrica.
Cadeira de balanço ainda é visto em casas da zona rural.
Escravos havia na época nas casas de pessoas que tinhas posses. Vivia-se a época pré-abolição da escravatura. A história é da primeira metade do século XIX.




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