sexta-feira, 1 de abril de 2022

CRÔNICA

Dormindo

Ela dorme sono solto e não parece tão cedo acordar. 

O anesteseio aplicado, é renovado continuamente, com doses amiúde e com outras mais fortes - ano sim, ano não.

E o ciclo se repete. Repete continuamente, e não tem dia, mês ou ano de findar por causas dos anestésicos fortes injetados. 

Por ser um sono que se dorme meio acordado, ela poderia ouvir os gritos que são gritados aos ouvidos. Poderia muito bem rejeitar, num raro momento de lucidez, os falsos medicamentos.

Os falsos medicamentos são seguidos também de apelos falsos. Ah! São estes que estimulam o caimento no sono, que às vezes torna-se profundo. 

A lucidez é rara, com pouco lampejo. Gritar nos ouvidos não se constitui em medida eficaz.

Assim ela caminha e não pode livrar-se da estagnação ou do despenhadeiro.



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