sexta-feira, 15 de abril de 2022

CRÔNICA

Mundo velho

O mundo velho está quase morto. Está arquejando, suspirando, respirando em aparelhos.

É aquele mundo problemático, cheio de dificuldades, mas dava para o gasto.

Sobrevivia de coisas naturais, mas à base de atitudes racionais, consistentes, chegadas para o que levava à estradas que levariam a bons termos. Eram estradas que levavam seus viajantes a caminhos, mesmo espinhosos, mas concretos.

O mundo novo está mais vivo do que nunca, mas não viverá muito para contar muitas histórias. Ele vive de atropelos e incontáveis equívocos. É um mundo que não aprende com seus erros. Seus erros são acertos. Bela metáfora! Eis o x da questão.

Seus caminhos tortuosos são considerados normais, dignos de louvor e honra. Não funcionava assim com o mundo velho - não o de Seu Lírio - personagem de O tempo e o vento, de Érico Veríssimo - mas o velho, velho mesmo. Sim. Aquele que está com os anos contados. O de Seu Lírio era o atual, que ele chamava de velho e que não tinha porteira. Tudo poderia passar por ele com a maior facilidade, sem cobrança de ingresso, sem regras, sem leis, sem estatutos, sem moral, sem nada.

Assim vive o mundo novo e com pouco oxigênio sobrevive o velho.


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