sexta-feira, 8 de abril de 2022

POEIRA

Continuação do poema sombrio

No começo, como o narrador dizia, a poeira era inofensiva. Ou digamos e convenhamos que aparentemente era inofensiva, mas na verdade, não nada tinha disso. Que poeira é inofensiva? Se ela não prejudica um, prejudica outros.

Ela foi chegando de mansinho, tomando os seus lugares, aproximando das gentes mais distantes onde não tinha ainda contactado.

Agora desta vez apareceu de forma mais densa, para que tivesse mais eficácia e desse um tom mais escurecido, e fizesse um efeito mais negativo, proporcionando uma espessura maior e dificultasse aos olhantes uma visão embaraçada daquilo que havia nos lugares onde ela queria que não fosse visto por todo mundo.

Na verdade, aquela poeira era, indubitavelmente, instrumento do mal. Nada tinha de extraordinário, espiritual ou viesse do além.

A poeira fazia sombra de tão grossa. Uma nuvem cobria os lugares que ela queria proteger. 

E assim continuou, inexoravelmente, sem que os entes do bem pudessem sequer aproximar dos lugares, que para seus protegidos, eram intocáveis, impenetráveis, impossíveis de sequer terem notícias exatas daquilo que lá havia. 

Assim ficou, durante anos, coberto por aquela nuvem.



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DEZESSEIS

Faltam apenas dezesseis centímetros para a barragem "Jessé Pinto Freire" - barragem de Umari - sangrar.