segunda-feira, 18 de abril de 2022

CRÔNICA

Os esfomeados

Por ser um fenômeno natural, não se pode condenar a quem reclama de estar faminta. Pode-se, por outro lado, reivindicarmos um pouco de paciência para que a comida seja arranjada na medida do possível. Não se pode retardar por muito tempo, pois a inanição poderá chegar logo.

Na fome em sentido literal, ela enquadra-se nos itens acima. Já na fome no sentido figurado, não. Não se morre dela, pois ela pode ser controlada pela baliza das virtudes. Os esfomeamentos podem bater à porta dos esfomeados, mas eles precisam - ao contrário dos famintos em sentido literal - renunciar àquela comida, pois ela não lhes pertencem de todo. Ela precisa ser deixada para que outros tenham acesso àquilo que têm direito. Àqueles, sim, é que ficarão sem o pão se os esfomeados não cederem um pouco e não fizerem um pequeno jejum.

O que tem em excesso é o que falta para grande parte de pessoas.

Paulatinamente, com controle, na renúncia, no pensar nos outros, a falsa fome passará e todos serão felizes para sempre, como nos romances românticos.

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