domingo, 24 de março de 2013

UMA PEDRA?

Não se assombrem os mais jovens com o que vou contar. A maioria das selas de bicicleta de antigamente eram sustentadas com uma mola, para dar o balanço quando andávamos. 

Por causa do peso e do balanço, muitas vezes ela se rompia e caía. Quando havia tempo, apanhava-se e soldava-se. 

Quando não tinha mais jeito, comprava-se outra sela ou colocava-se uma pedra no lugar da mola. Foi o que ocorreu com um menino, ao tomar emprestado uma bicicleta a um senhor. Ele foi à viagem dele, aqui mesmo na cidade. Andou, andou, até que escureceu. 

Ao passar num beco escuro e cheio de buraco, a bicicleta deu um catabilho tão grande que ele pulou da sela, e logo sentiu falta de alguma coisa. Então pensou: vou procurar a mola. E agora, meus amigos, o que fazer, visto que o transporte era alheio?! O jeito foi descer e procurar. Como estava no escuro, ficou mais difícil. O menino procurou, procurou até se cansar. 

Depois que viu que não encontrava a tal mola, resolveu voltar para devolver a bicicleta faltando o acessório da sela. Ao chegar, muito desconfiado, foi logo dizendo: “meu senhor, vou dizer uma coisa: está aqui a bicicleta, mas perdi a mola no escuro. Quando corria, ela escapuliu e não teve jeito de encontrar. Cacei até agora e não achei.” Ele ainda não tinha acabado de se desculpar, quando o dono disse, calmamente: a sela não tinha mais mola fazia tempo. 

No lugar dela tinha colocado uma pedra. “Uma pedra? Quer dizer que eu passei aquele tempo todo procurando uma mola e no canto tinha uma pedra?” 

Essa história, meus amigos, quem contou jura que tem personagens de carne e osso. Mas eu morro e não digo quem são. Se alguém porventura adivinhar os ditos cujos, eu nego até o fim dos tempos.

Texto publicado na edição de março do jornal de Upanema

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